O mercado global de café enfrenta uma significativa elevação nos preços, com um aumento de quase 40% nos últimos meses. Segundo um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), a alta é impulsionada por fatores climáticos adversos, oscilações cambiais e o impacto do mercado internacional de commodities.
Países produtores como Brasil, Vietnã e Colômbia sofreram perdas na produção devido a secas prolongadas e chuvas irregulares, afetando a oferta global do grão. “Existem fatores climáticos locais e globais e, adicionalmente, a questão da taxa de câmbio. Convivemos com a seca na região Norte e, ao mesmo tempo, tem chuva excessiva, como as que aconteceram no Rio Grande do Sul. No caso do café, por exemplo, a produção demora cerca de dois anos para dar fruto. Então, o problema também é de longo prazo. Não é apenas a seca de agora, é um processo que vem lá de 2022”, diz o economista e pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Pedro Faria.
De acordo com o relatório da ONU, os impactos desse aumento no preço do café verde demoram cerca de um ano para chegar ao consumidor final. Na União Europeia, estima-se que 80% da alta seja repassada aos consumidores em aproximadamente 11 meses, enquanto nos Estados Unidos esse prazo é de oito meses. Além disso, os efeitos da valorização do café devem se estender por pelo menos quatro anos.
Outro fator que influencia a escalada de preços é a cotação do dólar. Como o café é uma commodity negociada internacionalmente, a valorização da moeda americana eleva os custos de exportação, impactando diretamente o mercado. Mesmo sendo o maior produtor e exportador de café do mundo, o Brasil segue os preços estabelecidos pelo mercado global.
A tendência de alta preocupa tanto produtores quanto consumidores, já que o café é um dos produtos mais consumidos no mundo. A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) alerta que a demanda crescente também contribui para a elevação dos preços, tornando o cenário ainda mais desafiador para os próximos anos.
Perspectivas para o futuro
Especialistas apontam que, diante das atuais condições climáticas e econômicas, a tendência de alta nos preços do café deve persistir. A previsão é que a produção global continue enfrentando dificuldades, o que pode manter os valores elevados e pressionar o consumo nos mercados interno e externo.
Diante desse cenário, consumidores podem sentir o impacto dessa alta de preços gradualmente, especialmente nos produtos derivados do café, como cafés torrados e solúveis. A longo prazo, soluções para minimizar os efeitos das mudanças climáticas na produção agrícola serão essenciais para equilibrar a oferta e estabilizar o mercado.