Em audiência realizada no âmbito da denúncia pelos atos de 8 de janeiro, Débora dos Santos, acusada de ter escrito com batom a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça, pediu perdão e disse que não teve intenção de ferir o Estado Democrático de Direito. O vídeo ficou disponível nos autos do processo após o ministro Alexandre de Moraes levantar o sigilo do caso.
“Eu nunca mais me envolverei em nada que seja relacionado a política ou manifestações. Isso me deixou traumatizada e não me representa. Não é o que eu sou.”
Na audiência, Débora pediu perdão ao Estado Democrático de Direito e afirmou que não teve intenção de ferir as instituições. “Eu acho que estar aqui me fez refletir muita coisa, saber que tudo tem um processo. Todo o país depende de hierarquias que precisam ser respeitadas, e eu entendi isso”, disse.
A ré afirmou que foi induzida por um desconhecido, negou envolvimento prévio com qualquer organização e afirmou estar arrependida.
“Eu não fazia ideia do valor financeiro e do simbolismo daquela estátua. Quando cheguei, já havia uma pessoa escrevendo nela e me pediu ajuda. Disse que tinha a letra feia. Eu só continuei a frase. Foi um erro, e me arrependo muito”, afirmou.
Segundo o depoimento, Débora disse ter chegado a Brasília no sábado, dia 7, e se hospedado com um grupo em frente ao QG do Exército. Afirmou que a viagem de ônibus foi paga por ela mesma, no valor de R$ 50.
Segundo a acusada, a excursão saiu de Campinas/SP, município vizinho a Paulínia, onde ela reside. Ela afirmou que não conhece o organizador da caravana.
“Sou uma mulher cristã, sempre fui disciplinada, nunca infringi a lei. Expliquei para o meu filho, uma semana antes, que pichar muro era ilegal, que era poluição visual. Eu não sei o que aconteceu comigo naquele momento. Foi o calor da situação”, declarou.
No fim da audiência, Débora disse estar arrependida. “Eu queria pedir perdão ao Estado Democrático de Direito. Entendi que tudo tem um processo, uma hierarquia que precisa ser respeitada. Jamais quis ferir isso. Tudo que eu quero é voltar pra minha família.”
Relembre
Débora está presa desde março de 2023, após ser detida na oitava fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela PF para investigar os participantes e financiadores dos atos golpistas.
A PGR apresentou denúncia contra Débora em julho do ano passado, e imputou à investigada os crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima, além de deterioração de patrimônio tombado.
Ao votar, Moraes, relator do caso, propôs pena de 14 anos. Após, o ministro Luiz Fux pediu vista do processo para reavaliar a dosimetria.
Pena proposta
Após ser publicizado o voto de Alexandre de Moraes propondo pena de 14 anos, pulularam pelas redes sociais comentários no sentido de que a pena seria exagerada.
Mas, cabe esclarecer um ponto. A pena foi fixada por cinco crimes, sendo o vandalismo na estátua apenas um deles. Os crimes de abolição violenta do Estado Democrático e Golpe de Esado receberam as maiores penas: 4 anos e 6 meses, e 5 anos, respectivamente.
- Entenda aqui: “Não é pelo batom”.