Uma moradora de Itacajá, na região nordeste do Tocantins, teve uma surpresa ao investigar uma infiltração em sua casa. Ao chamar um pedreiro para avaliar o problema, ela descobriu um jabuti vivo soterrado sob o piso, que, segundo suas suspeitas, poderia estar preso ali há quase 10 anos, desde a última reforma realizada na residência.
O caso ocorreu no dia 7 de fevereiro. A moradora contou que o animal foi encontrado embaixo da cerâmica da área dos fundos da casa, onde ela e o marido haviam colocado cascalho como aterro há quase uma década.
“Foi inacreditável. Pensamos que esse jabuti veio junto com a carreta de cascalho que pedimos há mais de nove anos. Ele deve ter chegado bem pequenininho e, conforme foi crescendo, acabou ficando preso. Quando retiramos, vimos que tinha algumas deformações no casco, provavelmente porque ficou imprensado sob a cerâmica”, relatou.
Sobrevivência em condições extremas
O biólogo Aluísio Vasconcelos de Carvalho explicou que a sobrevivência do jabuti em um local tão restrito pode estar relacionada ao metabolismo lento da espécie e a um processo biológico chamado estivação, um tipo de dormência que alguns répteis entram para economizar energia.
“O metabolismo dos répteis é muito mais lento do que o dos mamíferos, permitindo que passem longos períodos sem se alimentar. Além disso, eles podem reduzir drasticamente suas funções vitais em situações extremas. No caso do jabuti, a umidade do ambiente e possíveis pequenos insetos podem ter sido suficientes para sua sobrevivência”, explicou o especialista.
O biólogo acrescentou que a sensibilidade à luz e as deformações no casco são sinais de que o animal pode realmente ter passado anos confinado em um ambiente escuro e apertado.
Jabuti precisa de cuidados veterinários
Após o resgate, a moradora percebeu que o jabuti apresentava grande sensibilidade à luz e buscava se esconder sempre que exposto ao sol. Além disso, suas fezes tinham uma composição barrosa, o que pode indicar que ele se alimentava apenas de terra e pequenos organismos presentes no solo.
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) informou que o animal precisa de avaliação veterinária e um tratamento adequado para recuperação. Até ser encaminhado ao Centro de Fauna (CEFAU), o jabuti deve ser mantido em local com temperatura controlada e acesso à luz solar indireta.