Um homem de 32 anos foi baleado por um policial militar da reserva na madrugada de segunda-feira (24), no Viaduto João XXIII, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo a família, Igor Melo de Carvalho foi confundido com um assaltante enquanto voltava para casa após o expediente e segue internado sob custódia da polícia, apesar de não haver provas contra ele.
De acordo com o relato dos parentes, Igor trabalha como garçom aos finais de semana e, ao sair do bar onde presta serviço, solicitou uma corrida por aplicativo para retornar ao bairro do Turiaçu, onde mora. No meio do trajeto, percebeu que um veículo seguia a motocicleta e, logo depois, ouviu disparos. Ele foi atingido e caiu da moto. Mesmo ferido, conseguiu ligar para colegas de trabalho, que o socorreram ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.
A Polícia Militar informou que os tiros foram disparados pelo PM da reserva Carlos Alberto de Jesus, que teria atirado após sua esposa reconhecer o condutor da moto como um dos responsáveis pelo roubo de seu celular. O policial alegou que viu Igor com uma arma na mão, mas nenhuma arma foi encontrada com ele ou na cena do crime. Imagens de câmeras de segurança mostram Igor embarcando na moto por aplicativo na porta do bar onde trabalha.
A esposa de Igor, Marina Moura, afirma que o marido sempre teve uma rotina de trabalho intensa e que o caso reflete uma injustiça. Igor é influenciador e tem um canal no Youtube onde publica vídeos sobre o Botafogo. “Ele trabalha em três empregos para sustentar nossa família. Estuda publicidade, trabalha como inspetor em uma faculdade, é garçom e ainda é ambulante no carnaval. Quando acordou, a primeira coisa que perguntou foi sobre nosso filho e disse que não tinha culpa de nada. A bala sempre atinge o corpo preto”, desabafou.
Segundo os familiares, Igor foi atingido pelas costas, passou por cirurgia, perdeu um rim e está com o estômago e o intestino gravemente afetados. Sua prima, Pâmela, criticou a atitude do policial. “A esposa do PM foi assaltada, mas eles decidiram fazer justiça com as próprias mãos. Viram um homem negro em cima de uma moto e atiraram”, afirmou.
A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 22ª DP (Penha) e que o PM se apresentou como autor dos disparos. A esposa do policial reconheceu apenas o motociclista como um dos suspeitos do roubo, mas Igor continua sob custódia no hospital. O estado de saúde dele é considerado grave.