Familiares de cinco réus condenados por homicídio nesta quinta-feira tiveram de ser retirados do Tribunal do Juri ao final do julgamento. Eles se revoltaram com o resultado e passaram a gritar com os jurados e Promotor de Justiça do caso, e foi preciso intervenção da Polícia Militar.
O promotor acionou a PM que enviou reforço ao fórum. Jurados saíram sob escola policial. Os réus foram condenados por matarem a pedradas e pauladas, Paulo César de Almeida, em maio de 2017. As penas variaram entre 9 e 15 anos de prisão.
Tumulto
Após resultado do julgamento que condenou todos os réus, familiares se revoltaram e começaram a se manifestar gritando com o promotor e com os jurados, por não aceitarem o resultado.
O promotor, Adelmo Pinho, acionou a Polícia Militar que solicitou reforço e retirou os manifestantes do local. Os jurados deixaram o fórum sob escolta policial, temendo represália por parte dos familiares dos réus.
Condenados
- Dener dos Santos Silva Claudino foi condenado a 15 anos, 6 meses e 29 dias de prisão.
- Roberto Silva Claudino foi condenado a 13 anos, 7 meses e 10 dias de prisão.
- Wasgington Luis Alberto Moura foi condenado a 11 anos e 8 meses de prisão.
- Paulo José da Silva Claudino foi condenado a 11 anos e 8 meses de prisão.
- Carina Marques Trindade foi condenada a 9 anos e 4 meses de prisão.
O crime
Conforma denúncia feita pelo Ministério Público, cerca de três anos antes dos fatos, a vítima Paulo supostamente teria abusado sexualmente de um adolescente que possui retardo mental e é filho da denunciada Carina, sobrinho dos denunciados Roberto, Paulo e Washington, e primo do denunciado Dener.
Na data dos fatos os denunciados participavam de um churrasco que ocorria na casa da denunciada Carina, em comemoração ao seu aniversário. Em dado momento, João Victor revelou aos presentes que sofreu abuso sexual por parte da vítima Paulo, o que causou nos denunciados o desejo de matá-lo por vingança.
Os denunciados Dener e Roberto saíram em busca da vítima. Primeiramente foram até à residência da testemunha Ivanilde de Almeida, mãe da vítima, onde obtiveram a informação de que a vítima Paulo estaria em um terreiro de candomblé.
Eles foram de carro ao local. Dener desceu do veículo e encontrou a vítima, chamando-a para conversar com o tio dele, Antônio, pai do jovem que teria sido abusado. Sem desconfiar da intenção homicida dos agentes, a vítima aceitou o “convite” e entrou ao veículo.
Ao chegarem no local dos fatos, os denunciados passaram a indagar à vítima sobre o estupro e, segundo os autores, ela teria confessado sua prática. A denunciada Carina iniciou as agressões à vítima, seguida pelos demais denunciados. A vítima foi agredida por todos com socos, chutes, pauladas e pedradas pelo corpo, especialmente na região da cabeça.
A polícia militar e o resgate foram acionados. Apesar de socorrida com vida, a vítima não resistiu aos ferimentos e veio a óbito no mesmo dia. A vítima sofreu politraumatismo provocado por objetos contundentes, com maior intensidade no crânio, onde houve afundamento craniano com múltiplas fraturas.
Conforme entendimento do MP os denunciados praticaram o crime por motivo torpe, consistente em vingança, vez que mataram a vítima por suspeitarem que ela teria estuprado o adolescente.
O crime foi perpetrado por meio cruel, vez que os denunciados causaram na vítima intenso e desnecessário sofrimento ao lhe desferir inúmeros e repetidos golpes pelo corpo, especialmente na cabeça, inclusive com pedaços de madeira e pedras.
Os denunciados utilizaram recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que a surpreenderam no momento em que estava despreparada, desarmada e sem possibilidade de qualquer reação, sendo rapidamente dominada pelos denunciados, que ostentavam enorme vantagem pela superioridade de agentes.