Pesquisadores em todo o mundo estão em alerta diante do risco de uma mutação no vírus da gripe aviária H5N1, que poderia permitir a transmissão entre humanos e desencadear uma nova pandemia. Atualmente, o vírus está amplamente disseminado entre aves selvagens e domésticas, além de ter infectado gado leiteiro nos Estados Unidos e cavalos na Mongólia.
A preocupação aumentou após o registro de 61 casos humanos nos EUA neste ano, um número muito superior aos dois casos registrados nas Américas nos dois anos anteriores. Esses casos estão associados, na maioria, ao contato com animais infectados ou ao consumo de leite cru. A taxa de mortalidade em humanos infectados é de 30%, o que reforça a gravidade do problema.
Apesar de, na forma atual, o H5N1 não se espalhar facilmente entre pessoas, estudos apontam que uma única mutação no genoma do vírus poderia alterar esse cenário, permitindo a transmissão de humano para humano. Essa possibilidade coloca autoridades de saúde pública em estado de alerta, levando países como o Reino Unido a adquirirem milhões de doses de vacinas específicas contra o H5N1.
Mesmo sem transmissão entre humanos, o H5N1 já representa um impacto significativo na saúde animal e na economia, com potenciais interrupções no fornecimento de alimentos devido a surtos em animais de criação. Especialistas destacam a importância de integrar ações nas áreas de saúde humana, animal e ambiental para conter os riscos de novos surtos e possíveis pandemias.
Mutação no Canadá
Um adolescente de Vancouver, no Canadá, está em estado crítico após ser infectado por uma variante do vírus H5N1, causador da gripe aviária. O caso acendeu o alerta entre especialistas devido a mutações no genoma do vírus que podem aumentar sua capacidade de infectar células humanas.
Segundo análises genéticas divulgadas, o vírus apresenta alterações que potencialmente facilitam sua replicação em células humanas e sua entrada no trato respiratório. Embora esses achados sejam preocupantes, especialistas, como o imunologista Scott Hensley, da Universidade da Pensilvânia, afirmam que ainda não há evidências de transmissão entre pessoas. “É um motivo de preocupação, mas não para pânico”, ressaltou.
A origem da infecção ainda é desconhecida. O adolescente não teve contato direto com aves ou animais infectados e não vivia em um ambiente rural. Autoridades de saúde pública do Canadá investigam o caso, mas admitem que a fonte pode nunca ser determinada.
Os cientistas acreditam que as mutações podem ter ocorrido após o vírus infectar o jovem, sugerindo que o H5N1 detectado inicialmente pode não ser amplamente disseminado. Apesar disso, a descoberta reforça a necessidade de monitoramento, já que a gripe aviária tem histórico de surtos pontuais em humanos, geralmente associados ao contato direto com aves doentes.
Desde 1997, cerca de 900 casos de infecção por H5N1 foram registrados globalmente. No Canadá, este é um dos primeiros casos graves envolvendo mutações do vírus. Pesquisadores e autoridades estão intensificando esforços para evitar uma possível pandemia, com vacinas em desenvolvimento e testes apontando eficácia de imunizantes armazenados desde os anos 2000 contra as variantes atuais.