O estudo que fundamentou o uso da cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19 foi oficialmente retirado pela revista científica Journal of Antimicrobial Agents. A decisão, anunciada na última terça-feira (17), baseia-se em preocupações éticas e metodológicas identificadas por um especialista independente, que atuou como consultor editorial.
Publicado em março de 2020, no início da pandemia, o artigo foi um dos principais responsáveis por popularizar o uso do medicamento em diversas partes do mundo. No entanto, a revista afirmou que a condução do estudo e a interpretação dos resultados levantaram questionamentos significativos, incluindo preocupações apresentadas por três dos próprios autores da pesquisa.
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O trabalho foi liderado pelo médico francês Didier Raoult, ex-chefe do Instituto de Infectologia do Hospital Universitário de Marselha. Raoult se aposentou em 2021, mesmo ano em que foi proibido de exercer a medicina devido à promoção do uso da cloroquina. Outros 17 profissionais também assinaram o estudo.
Segundo a publicação, as provas apresentadas pelos autores para sustentar a eficácia da cloroquina foram consideradas insuficientes e metodologicamente falhas. Estudos amplamente reconhecidos, como o Solidariedade, da Organização Mundial da Saúde (OMS), e o britânico Recovery, já haviam demonstrado que o medicamento não possui eficácia contra o coronavírus e pode causar efeitos adversos graves, especialmente problemas cardíacos.