(*) Eliane Cabral
É comum as pessoas acharem que luto está relacionado apenas com a morte, um equívoco. Luto diz de perda. Toda e qualquer perda envolve, traz consigo um luto.
Perda de alguém (para a morte ou não) perda de um projeto, perda de um emprego, perda de um sonho, perda de autonomia, perdas materiais, perdas emocionais….perdas!
Outro equívoco é achar que o luto (a dor da perda) tem um tempo estipulado igualmente para todos. É urgente compreendermos que tudo que diz respeito ao sentir humano, aos afetos humanos; está no campo da singularidade, do caso a caso. O tempo da dor, o tempo do luto, está para cada um, no caso a caso.
O que é possível a um, não é possível a outro.
Não temos as mesmos recursos emocionais para que seja determinado, esperado um tempo específico que valha para todos. Quando o assunto é Saúde Emocional, Saúde Mental, Emoções….NÃO existe todo mundo; existe o caso a caso, existe a singularidade de cada pessoa. E esse fato precisa ser respeitado.
Luto é processo, luto é atravessamento, luto é travessia.
E por mais que se tenha boas intenções, dizer frases “você tem que reagir”, “você tem que querer melhorar”, “você tem que superar”, “você tem que ser forte”; só pioram o estado de sofrimento da pessoa que está em luto.
Diante de uma pessoa em sofrimento, em dor, em luto….ofereça escuta, acolhimento e empatia. Não invalide o sofrer do enlutado.
Não cometa o erro de querer determinar qual será o tempo da dor do Outro. Isso não é possível.
E se você é a pessoa em luto: cuide da sua dor. Cuide do seu sofrer. Cuide deste luto, não o negligencie.
Por uma cultura de cuidados com a Saúde Mental.
Setembro Amarelo: de Setembro a Setembro.
(*) Eliane Cabral é Psicóloga Clínica, Especialista em Prevenção e Pósvenção em Suicídio, Especialista em Saúde Mental; Percurso em Psicanálise.