Um estudo recente conduzido pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos revelou que o vírus H5N1, conhecido por causar a gripe aviária, tem mostrado uma capacidade crescente de transmissão entre mamíferos. Embora ainda não se propague com a mesma facilidade que a gripe sazonal, a pesquisa sugere um potencial aumento de risco que requer monitoramento atento.
Em 2023, o H5N1 foi identificado em pelo menos 46 pessoas nos EUA, apresentando, até o momento, apenas sintomas leves, como vermelhidão nos olhos. Apesar disso, o CDC ressalta que o risco para o público geral ainda é baixo. Com o intuito de explorar a adaptação do vírus em mamíferos, os pesquisadores utilizaram furões, que compartilham semelhanças com os humanos no que se refere à resposta à infecção por influenza e na distribuição de receptores virais nos pulmões.
Estudo em Furões e Transmissibilidade
No estudo, os cientistas observaram que o H5N1 pode se transmitir com facilidade entre furões em determinadas condições, o que levanta preocupações sobre a possibilidade de uma maior adaptação do vírus. De acordo com a virologista Seema Lakdawala, da Universidade Emory, que colabora com o CDC em outros projetos, os furões são um modelo relevante porque expiram o vírus no ar, permitindo o estudo de transmissão aérea. O estudo indicou que, em situações de contato direto, todos os furões expostos foram infectados, desenvolvendo sintomas como febre, dificuldades respiratórias e, em alguns casos, óbito.
A Mutação E627K e suas Implicações
Os cientistas usaram uma amostra de H5N1 coletada de um trabalhador rural do Texas, um dos primeiros casos humanos reportados no ano. Essa amostra continha a mutação E627K, que já foi associada a pandemias anteriores de gripe, como as de 1918, 1957 e 1968. Essa mutação altera uma proteína viral, facilitando a replicação do vírus em temperaturas mais baixas, compatíveis com a temperatura do corpo humano.
Embora os casos de infecção em humanos registrados até o momento tenham sido leves, os testes com furões mostraram que a exposição direta a grandes quantidades de vírus levou a quadros severos. O pesquisador Troy Sutton, da Universidade Estadual da Pensilvânia, explicou que os testes com grandes doses virais são padrão em estudos desse tipo e podem não refletir a exposição real em humanos, que geralmente é menor.
Mecanismos de Transmissão
Os cientistas também examinaram outras formas de transmissão, incluindo o contato com superfícies contaminadas e a transmissão aérea por meio de gaiolas adjacentes separadas por uma parede perfurada. A transmissão por contato direto mostrou-se a mais eficaz, enquanto a transmissão por superfícies e ar resultou em infecções menos consistentes, com algumas das cobaias permanecendo saudáveis.
Conclusões e Próximos Passos
Apesar das descobertas, Lakdawala destacou que o estudo com furões não reflete completamente as complexidades do sistema imunológico humano ou fatores comportamentais. A CDC enfatiza a importância de monitorar amostras de vírus de casos humanos futuros para detectar mudanças genéticas que possam indicar maior transmissibilidade.