No município de Igrejinha, a cerca de 90 km de Porto Alegre, duas irmãs gêmeas, Antônia e Manuela Pereira, de seis anos, morreram em um intervalo de oito dias. A mãe das meninas, Gisele Beatriz Dias, de 42 anos, foi presa temporariamente por suspeita de duplo homicídio, informou a Polícia Civil na última quarta-feira (16).
Manuela faleceu no dia 7 de outubro, e Antônia, no dia 15. Ambas apresentaram os mesmos sintomas antes de morrer, como parada cardiorrespiratória. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Igrejinha, Graciano Ronnau, que atendeu o caso mais recente, Antônia foi encontrada em parada cardiorrespiratória e com sinais de urina, assim como sua irmã oito dias antes.
Investigações e hipótese de envenenamento
A Polícia Civil acredita que as mortes das meninas podem ter sido causadas por envenenamento. O delegado Cleber Lima informou que a mãe estava sozinha com as filhas nos momentos das duas mortes, o que gerou suspeita. Além disso, três gatos da família também morreram em circunstâncias semelhantes, e há indícios de que Gisele tenha colocado medicamentos na comida do pai das crianças.
“Há fortes elementos para suspeitarmos de homicídio. Os laudos periciais do Instituto Geral de Perícias (IGP) serão fundamentais para confirmar a hipótese de envenenamento”, declarou Lima.
Em depoimento, Gisele negou envolvimento nas mortes e afirmou que sempre cuidou e amou as filhas. No entanto, a polícia apura se ciúmes da boa relação entre o pai e as crianças teria sido uma possível motivação para o crime.
Contexto familiar e acompanhamento anterior
Michel Persival Pereira, pai das meninas, prestou depoimento e afirmou que não sabe o que provocou as mortes. Ele declarou publicamente: “A única coisa que eu dei para elas foi amor”. Michel não é investigado no caso. A relação conturbada do casal incluiu acusações falsas de abuso feitas por Gisele em 2023, segundo a polícia, para conseguir a guarda das filhas.
As gêmeas tiveram uma infância marcada por instabilidades familiares. Após uma separação dos pais, viveram por alguns meses com o avô materno, Manoel da Cunha Dias, em Taquara. “Se elas estivessem comigo, estariam vivas hoje. Eu sempre cuidei delas bem”, lamentou o avô.
Falhas na proteção infantil serão apuradas
O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Igrejinha (COMUDICA) emitiu uma nota oficial informando que irá apurar se houve falhas na rede de proteção das meninas. Embora as crianças estivessem matriculadas regularmente na escola e não houvesse registros de maus-tratos, o conselho irá investigar se o acompanhamento realizado foi adequado.
O Ministério Público também acompanha o caso. O COMUDICA declarou que “não tolera qualquer violação de direitos” e reforçou a confiança nas investigações da Polícia Civil e do Poder Judiciário para esclarecer a situação.