O professor Jyrson Guilherme Klamt, acusado de transfobia e ameaças contra duas alunas travestis da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP), foi afastado por 90 dias das atividades na Faculdade de Medicina. A decisão é resultado do processo disciplinar conduzido por uma comissão da instituição.
Além da suspensão, o professor deverá obrigatoriamente frequentar um curso de letramento em identidade de gênero e sexualidade, oferecido pela Comissão de Inclusão e Pertencimento da USP. Em nota, a Faculdade de Medicina reforçou seu compromisso em combater qualquer forma de preconceito ou intolerância em seu ambiente acadêmico, incluindo questões relacionadas a gênero, etnia e religião.
A denúncia das alunas
O caso aconteceu em novembro de 2023 e envolveu as alunas Louise Rodrigues e Silva e Stella Branco, que são as primeiras travestis matriculadas no curso de medicina do campus de Ribeirão Preto. Elas relataram que foram abordadas por Klamt em tom ofensivo em uma lanchonete do campus.
De acordo com Louise, o professor ironizou a recente liberação do uso de banheiros conforme a identidade de gênero, implementada pela faculdade um dia antes. “Ele se aproximou com deboche, questionando qual banheiro eu iria usar a partir de agora. Quando perguntei qual ele achava que eu deveria utilizar, ele respondeu que era um absurdo pessoas trans usarem o banheiro de acordo com o gênero com que se identificam”, contou a estudante.
Ameaças e registro de ocorrência
Segundo o relato, Klamt fez ameaças às alunas durante a abordagem. “Ele disse que, se a gente usasse o banheiro em que a filha dele estivesse, sairíamos de lá mortas. Além disso, ele me tratou no masculino o tempo todo, mesmo sabendo meu nome e já tendo dado aulas para mim”, revelou Louise.
Após o episódio, as estudantes registraram um boletim de ocorrência por injúria racial, e o caso passou a ser investigado internamente pela USP.
Afastamento anterior
Antes da suspensão atual, Klamt já havia sido afastado do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, em agosto de 2024, por um período de 180 dias. Durante esse tempo, ele ficou impedido de exercer qualquer atividade clínica no hospital.
A defesa do professor foi procurada, mas preferiu não se manifestar sobre o caso.