Os primeiros animais resgatados dos incêndios florestais que vêm atingindo o interior paulista desde o dia 24 de agosto começaram a retornar à natureza. Na última sexta-feira (25), um tamanduá-mirim foi solto na região de Ribeirão Preto. Ele é o segundo. Um furão reabilitado em um centro de atendimento em São Roque também já voltou à vida livre.
Desde o início das queimadas, 94 animais foram resgatados e levados a um dos centros de recuperação da rede de atendimento estruturada pelo Governo do Estado: 53 morreram, dois foram reabilitados e devolvidos ao seu habitat e o restante continua em tratamento.
Como muitos dos bichinhos tiveram queimaduras graves, o tempo de recuperação é lento. O tamanduá-mirim, por exemplo, ficou mais de um mês sendo tratado. Infelizmente, em alguns casos, as lesões impedem que o animal volte à natureza.
Atualmente, 26 unidades espalhadas pelo estado recebem animais queimados, dentro da rede estruturada pelo Departamento de Fauna Silvestre da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil). A medida faz parte de um conjunto de ações do gabinete de crise anunciado pelo governo para combater os incêndios.
Isabella Saraiva, diretora do Departamento da Fauna Silvestre, destacou a importância do esforço conjunto das unidades da rede: “Todos os centros autorizados se prontificaram a colaborar. Os atendimentos feitos por profissionais especializados em fauna silvestre aumentam muito as chances de esses animais se recuperarem e voltarem para a natureza”.
O tamanduá-mirim solto na sexta-feira passada foi encontrado no dia 27 de agosto em uma estrada que liga Ribeirão Preto a Dumond por uma pessoa que passava pelo local. Os primeiros socorros foram feitos em uma clínica veterinária, que o encaminhou ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro de São Bento, em Ribeirão.
“Nós vimos o sofrimento desse animal quando chegou aqui. Ele estava com as patas queimadas e muito desidratado. Poder recuperar um animal e devolvê-lo para a natureza é a maior felicidade”, revelou o zootecnista Alexandre Gouvêa
Bentinho, como foi apelidado pela equipe em homenagem ao nome do Cetras, foi liberado às margens do Rio Pardo, em uma área de preservação. Assim que saiu da caixa de transporte, subiu em uma árvore e olhou para baixo em direção a seus cuidadores como se estivesse agradecendo. “O que nos deixou mais emocionados foi observar que ele continua com o mesmo comportamento selvagem que antes”, completou Gouvêa.
Na próxima semana, um macaco-prego e uma paca, que chegou gravemente ferida ao Cetras-Ribeirão, também serão soltos. Os dois estão totalmente reabilitados para retornar à natureza.
As unidades integradas continuam em alerta, com profissionais prontos para resgatar e reabilitar esses animais, que incluem ainda cobras, lagartos, gambás, onças-pardas, cachorros-do-mato, gatos-do-mato, gaviões e outras aves. A colaboração entre os centros de triagem e a comunidade é essencial para garantir o cuidado necessário.
Recomendações para a população
A população é orientada a não tentar resgatar animais feridos sozinha. O correto é entrar em contato com a Polícia Militar Ambiental (190), Corpo de Bombeiros (193) ou Guarda Municipal. Se uma clínica veterinária não especializada receber um animal selvagem, deve encaminhá-lo para uma das unidades autorizadas do Cetras.
Lista atualizada de Cetras e CRAS em funcionamento no estado podem ser verificados aqui: https://semil.sp.gov.br/sma/gestao-fauna/.