A Brigada Militar (BM) encontrou um arsenal e grande quantidade de munição na casa do homem que matou o pai, o irmão e um policial militar em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O homem, identificado como Edson Fernando Crippa, de 45 anos, era colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC) e estava com duas pistolas e duas espingardas legalizadas. O crime deixou nove pessoas feridas, e o atirador foi encontrado morto após o cerco policial que durou cerca de nove horas.
O confronto teve início na noite de terça-feira (22), quando a BM foi acionada para atender uma denúncia de cárcere privado envolvendo os pais do atirador. Ao chegarem à residência, localizada na Rua Adolfo Jaeger, bairro Ouro Branco, os policiais foram recebidos a tiros. Durante o confronto, Crippa abateu dois drones da polícia e disparou contra familiares e agentes, atingindo também imóveis vizinhos.
Armas e legalidade
Na residência, foram encontradas duas pistolas — uma de calibre 9 mm e outra .380 —, além de duas espingardas. Segundo o delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do RS, o local apresentava um “cenário de guerra”, devido à grande quantidade de munição e disparos feitos pelo atirador durante toda a operação. As armas estavam devidamente registradas nos sistemas SIGMA e SINARM, de acordo com a legislação vigente.
“Ele era CAC, e todas as armas estavam em conformidade com a legislação”, explicou Sodré. O Exército confirmou que uma das pistolas, adquirida em 2007, estava com o certificado de registro válido até 2026.
Histórico de problemas psiquiátricos
De acordo com o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, Crippa tinha um histórico de esquizofrenia, com pelo menos quatro internações psiquiátricas registradas. Caron destacou que a combinação entre a doença mental e o acesso legal a armas contribuiu para a tragédia. “É evidente que permitir armas e munições a uma pessoa com esquizofrenia abre caminho para uma tragédia”, afirmou o secretário.
A Polícia Federal esclareceu que, das quatro armas apreendidas, apenas uma constava no sistema SINARM como registrada. Um laudo psicológico emitido em 2020 por um profissional credenciado atestava a aptidão do atirador para portar armas.
Vítimas e desdobramentos
Entre as vítimas fatais estão Eugênio Crippa, de 74 anos (pai do atirador), Everton Crippa, de 49 anos (irmão), e o policial militar Everton Kirsch Júnior, de 31 anos. O policial, que integrava a corporação desde 2018, deixa esposa e um bebê de 45 dias.
Outras nove pessoas ficaram feridas, incluindo a mãe do atirador, Cleris Crippa, de 70 anos, que foi baleada três vezes e segue em estado grave. Vários policiais também foram atingidos e hospitalizados. A investigação agora apura as circunstâncias da morte do atirador, que foi encontrado sem vida após a invasão da casa pela polícia.