Uma rede de atendimento e reabilitação foi estruturada pelo Departamento de Fauna Silvestre do Governo de São Paulo para receber animais vitimados pelos incêndios florestais que ocorrem principalmente no interior paulista.
Já são 26 unidades integradas, que estão em alerta para atender animais resgatados das queimadas e outros que, ao tentar fugir do fogo, acabam muitas vezes sendo atropelados nas rodovias. O município de Santa Bárbara d’Oeste acaba de ingressar nesta cadeia de salvamento.
Somente o centro de reabilitação do município de Ribeirão Preto recebeu 17 animais resgatados. Até esta segunda-feira (2), oito deles tinham morrido em decorrência de queimaduras, insuficiência respiratória e outras complicações. Entre as espécies socorridas havia cobra, lagarto, gambá, tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, macaco-prego e tatu.
O caso mais grave na unidade é o da tamanduá-bandeira, espécie em extinção no Brasil. O animal, uma fêmea adulta, que ganhou o nome Vitória, teve nas patas e no focinho queimaduras de terceiro grau. Mesmo machucada, lutou tanto para escapar das chamas que acabou sofrendo um estresse severo, descompensando praticamente todas as funções vitais. Vitória está sendo monitorada durante 24 horas por dia, assim como todos os outros que chegam em estado crítico.
A medida faz parte de um conjunto de ações do gabinete de crise anunciado pelo governo para combater os incêndios que atingiram o interior do estado nos últimos 10 dias. Em apenas quatro cidades, 47 animais foram atendidos, dos quais 31 estão se recuperando e 16 morreram.
As unidades estão nas regiões de Campinas (Araras, Jundiaí, Santa Bárbara d´Oeste), Sorocaba (Botucatu, São Roque), Baixada Santista (Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Peruíbe, Praia Grande), Vale do Paraíba (Lorena, São José dos Campos, São Sebastião, Taubaté, Ubatuba), Região Metropolitana de São Paulo (Barueri, São Paulo), Vale do Ribeira (Cananéia), Ribeirão Preto (Ribeirão Preto), Marília (Assis) e Franca (Franca).
Para Isabella Saraiva, diretora do Departamento da Fauna Silvestre, que faz parte da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), a articulação dessa rede de atendimento foi imprescindível para garantir que Vitória e outros animais sejam atendidos por equipes multidisciplinares e especializadas em animais selvagens.
“Fizemos contato com todos os centros autorizados de triagem e reabilitação localizados em vários municípios paulistas, e todos se prontificaram a colaborar gratuitamente. Veterinários, zootecnistas, biólogos, nutricionistas e outros especialistas abraçaram a causa e estão em estado de alerta para receber os resgatados”, ressaltou.
A Semil é gestora do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) no Parque Ecológico Tietê, em São Paulo. As demais unidades envolvidas na ação são geridas pelos municípios onde estão localizadas, mas só podem funcionar se tiverem autorização do Estado para receber, identificar, acolher, cuidar e reabilitar animais silvestres provenientes de ações de fiscalização, resgate, como casos de incêndios, e entregas espontâneas realizadas pela população, com objetivo principal de devolver esses animais recuperados ao ambiente natural.
Além desses centros, entidades do terceiro setor e clínicas particulares que possuem médicos veterinários e biólogos habilitados em animais silvestres também foram alertadas sobre possíveis emergências, e a maioria se dispôs a atendê-los gratuitamente.
Isabella faz um alerta também à população, caso encontre algum animal ferido ou debilitado: “A orientação é para não mexer no animal e imediatamente entrar em contato com a Polícia Militar Ambiental (190), Corpo de Bombeiros (193) ou Guarda Municipal para realizarem o resgate”.
Caso alguma clínica veterinária não especializada em espécies selvagens receba algum animal, a instrução é que realize o encaminhamento para alguma das unidades autorizadas do Cetras no estado.
A lista atualizada de CETRAS e CRAS em funcionamento no Estado podem ser verificados aqui.