A Justiça de Pernambuco decretou a prisão preventiva do cantor Gusttavo Lima, nesta segunda-feira (23), sob a acusação de ter ajudado dois investigados, José André da Rocha Neto e sua esposa Aislla Rocha, a deixarem o país. A prisão ocorre no âmbito da Operação Integration, que investiga uma organização criminosa envolvida em jogos ilegais e lavagem de dinheiro, e que também levou à prisão da influenciadora e advogada Deolane Bezerra.
De acordo com a decisão da juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, Gusttavo Lima teria auxiliado o casal a fugir utilizando sua aeronave particular. O avião teria transportado os investigados durante uma viagem do cantor à Grécia, em comemoração ao seu aniversário de 35 anos, no início de setembro. Os investigadores acreditam que José André e Aislla desembarcaram na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha, antes de o avião retornar ao Brasil.
“É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro de Gusttavo Lima], ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas”, afirmou a magistrada em sua decisão.
A investigação também revelou que Gusttavo Lima mantém vínculos comerciais com José André da Rocha Neto, dono da casa de apostas VaideBet, uma das empresas suspeitas de estar envolvida na rede de lavagem de dinheiro. Além disso, a juíza determinou o bloqueio de imóveis e valores do cantor, bem como a inclusão dos mandados de prisão dos foragidos na lista de difusão vermelha da Interpol.
Bens bloqueados
O processo, que tramita em sigilo, bloqueou R$ 20 milhões em bens da Balada Eventos, empresa da qual Gusttavo Lima é sócio, e que também está sendo investigada por supostamente ter sido usada para lavagem de dinheiro. A empresa teria sido envolvida em transações com Rocha Neto e sua rede de apostas.
O cantor, em defesa publicada nas redes sociais, negou envolvimento no esquema criminoso e afirmou que sua empresa foi incluída na operação devido a transações comerciais legítimas. “A Balada Eventos foi inserida no âmbito da operação simplesmente por ter transacionado comercialmente com essas empresas investigadas. Houve excesso, sim, por parte da autoridade”, declarou Gusttavo Lima na semana passada.
Operação em andamento
A Operação Integration, deflagrada no dia 4 de setembro, já havia levado à prisão de Deolane Bezerra e outros investigados. As autoridades afirmam que a quadrilha movimentou cerca de R$ 3 bilhões em atividades ilícitas ligadas a jogos de azar e lavagem de dinheiro.
Apesar das acusações, a defesa de Gusttavo Lima e dos outros envolvidos sustenta que não houve qualquer ilegalidade nas transações. O advogado do cantor, Cláudio Bessas, afirma que “a compra e venda do avião seguiu todas as normas legais” e que isso será provado ao longo do processo.
O cantor realizou shows no fim de semana em São Paulo, mas sua agenda para as próximas semanas, que inclui apresentações no Pará, pode ser afetada pela decretação da prisão.