Incêndios voltaram a atingir a região de Andradina, no interior de São Paulo, devastando mais de 20 mil hectares desde o início do fogo, na tarde de quarta-feira (4). O incêndio teve início no limite entre Ilha Solteira e Andradina, mas a maior parte dos danos foi registrada no município de Itapura (SP), onde a Defesa Civil e brigadas de incêndio atuaram para controlar as chamas até a manhã desta quinta-feira (5).
O Instituto Nacional de Meteorologia (InMet) emitiu alerta para 15 estados, incluindo São Paulo, devido à baixa umidade relativa do ar, que ficou abaixo de 20%, agravando a propagação dos incêndios. O nível ideal de umidade deveria estar em torno de 60%. O canavial da usina Ipê foi uma das áreas afetadas, e as brigadas de incêndio enfrentaram dificuldades para controlar os focos de fogo.
Segundo a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), as perdas na cultura de cana-de-açúcar no estado de São Paulo já são estimadas em R$ 800 milhões. A área afetada pelos incêndios desde 24 de agosto representa 2,3% dos 4,3 milhões de hectares cultivados com cana-de-açúcar no estado, o maior produtor do Brasil. Além da destruição das lavouras atuais, as rebrotas de cana também foram comprometidas, o que pode impactar a próxima colheita.
José Guilherme Nogueira, diretor-executivo da Orplana, destacou a necessidade de chuvas para a recuperação das lavouras. “Esse cenário de clima seco e falta de chuvas pode impactar a safra futura, mas ainda é cedo para essas previsões. Esperamos que as chuvas deste final de ano venham de forma uniforme e volumosa e que a rebrota da cana-de-açúcar aconteça de maneira mais tranquila”, afirmou.
A região de Andradina não é a única afetada. Uma onda de incêndios tem atingido o interior de São Paulo desde o final de agosto, com 48 municípios em alerta máximo para queimadas. Além das perdas agrícolas, dois óbitos foram registrados, e mais de 800 pessoas tiveram que deixar suas casas devido às chamas. O impacto financeiro para a agricultura e pecuária no estado já ultrapassa R$ 1 bilhão, atingindo cerca de 3.837 propriedades rurais em 144 municípios. Além da cana-de-açúcar, plantações de frutas, seringueiras e criações de gado foram severamente danificadas.