A greve geral realizada em Israel nesta segunda-feira (2) paralisou o país e intensificou a pressão sobre o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Convocada pela central sindical Histadrut, que representa milhares de funcionários públicos, e apoiada pela federação de empresários, a greve teve como principal objetivo exigir a libertação dos reféns mantidos em Gaza desde o ataque de 7 de outubro.
O movimento ganhou força após o anúncio do Exército israelense no domingo (1º) sobre a descoberta dos corpos de seis reféns, que, segundo autoridades, foram executados pelo grupo Hamas entre 48 e 72 horas antes de serem encontrados. A notícia gerou uma onda de indignação popular, com multidões tomando as ruas das principais cidades do país.
A paralisação afetou vários setores, incluindo o aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, onde diversos voos foram adiados, deixando passageiros retidos no local. A greve foi uma demonstração clara da crescente insatisfação da população com a forma como o governo tem conduzido as negociações para a libertação dos reféns.
Arnon Bar-David, líder sindical, resumiu o sentimento geral em sua declaração: “Estamos recebendo sacos com cadáveres em vez de um acordo. Cheguei à conclusão de que somente nossa intervenção pode mover aqueles que precisam ser movidos”. A mensagem foi um claro recado a Netanyahu, que tem enfrentado críticas cada vez mais duras por sua postura intransigente nas negociações.
O primeiro-ministro, em resposta, reafirmou que o Hamas não está interessado em um acordo e prometeu continuar a ofensiva militar contra o grupo, reiterando que a segurança nacional está em primeiro lugar. No entanto, críticos, como a colunista Noa Landau do jornal “Haaretz”, acusam Netanyahu de sacrificar a vida dos reféns em nome de uma estratégia política que visa proteger sua base eleitoral e manter a guerra em Gaza.
A greve geral também trouxe à tona divisões dentro do próprio governo, com o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Herzi Halevi, se opondo à insistência de Netanyahu em manter tropas israelenses no Corredor Filadélfia, na fronteira entre Gaza e Egito, uma medida que muitos consideram desnecessária.
A situação atual lembra os intensos protestos do ano passado contra a proposta de reforma judicial de Netanyahu, que também foi suspensa após forte pressão popular. Com os recentes acontecimentos, fica evidente que a pressão sobre o governo só tende a aumentar, enquanto as famílias dos reféns e a sociedade israelense clamam por uma solução imediata.