Mateus da Costa Meira, condenado por matar três pessoas e ferir outras quatro em 1999 durante uma sessão de cinema no shopping Morumbi, em São Paulo, foi libertado após 25 anos. Ele cumpria pena no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Salvador, na Bahia, após ser diagnosticado com esquizofrenia e considerado inimputável em 2011..
O crime, que chocou o país pela sua brutalidade e repercutiu amplamente na mídia, ocorreu em 3 de novembro de 1999, quando Meira, então estudante de medicina de 24 anos, abriu fogo com uma submetralhadora MAC-11 em uma sessão do filme Clube da Luta. Ele foi condenado inicialmente a 120 anos de prisão, mas a pena foi posteriormente reduzida para 48 anos e nove meses.
A decisão que determinou a soltura foi publicada em 18 de setembro e seguiu as diretrizes da política antimanicomial, que orienta a internação psiquiátrica apenas em casos excepcionais. De acordo com os peritos, Meira estava apto para retornar ao convívio social e familiar, devendo seguir tratamento em rede privada.
Entre as condições impostas pela Justiça estão o recolhimento domiciliar noturno, a proibição de portar armas e de consumir drogas ou bebidas alcoólicas, além de evitar locais como bares e festas. O processo de execução da pena segue sob segredo de Justiça.
A decisão judicial ainda especifica que Meira deverá manter bom relacionamento com familiares, amigos e terceiros, além de ser submetido a uma nova avaliação após um ano de sua desinternação.
Além do crime no cinema, Meira foi envolvido em outro incidente em 2009, quando tentou matar seu companheiro de cela, o espanhol Francisco Vidal Lopes, de 68 anos, com golpes de tesoura na cabeça. O caso reforçou os questionamentos sobre sua periculosidade, mas, após uma série de avaliações médicas, foi concluído que ele não apresentava mais comportamento que justificasse sua manutenção em um hospital psiquiátrico.
Como foi o crime
Segundo testemunhas oculares da ação, na noite de 3 de novembro de 1999, dentro da sala 5 do cinema do Morumbi Shopping, Mateus, à época com 24 anos, começou a assistir ao filme na primeira fila. Ele teria então levantado de seu lugar, e ido ao banheiro, onde tirou a arma da bolsa e resolveu testá-la atirando no espelho, aparentemente contra a própria imagem, com sua submetralhadora americana Cobray M-11. Ele teria em seguida voltado à sala de projeção e ficado de frente para a plateia. Junto à tela do cinema, teria sacado a arma novamente atirado para o alto.
Quem estava na primeira fila viu a tempo que se tratava de tiros reais e se abaixou, enquanto os demais acreditavam que os tiros eram oriundos do filme que estava sendo exibido. A sala permaneceu escura. A fotógrafa Fabiana Lobão Freitas, 25 anos, morreu na hora. O economista Júlio Maurício Zeimaitis, 29, chegou ao hospital com vida, mas não resistiu. A publicitária Hermé Luísa Jatobá Vadasz, 46, também não resistiu aos ferimentos na cabeça. Os cinco feridos por balas ou estilhaços ficaram fora de perigo. Dessa tragédia, resultaram três mortes, quatro pessoas feridas e mais quinze em pânico. Os tiros duraram cerca de três minutos.