O avanço da nova cepa do vírus mpox, que se espalhou pela República Democrática do Congo, está preocupando cientistas ao redor do mundo. A mutação do vírus, que antes era conhecida como varíola dos macacos, está ocorrendo em um ritmo mais acelerado do que os especialistas previam. Esse cenário é agravado pela falta de recursos financeiros e equipamentos adequados para rastrear o vírus nas áreas afetadas, o que dificulta uma resposta eficaz ao surto.
Especialistas de diversas regiões, incluindo África, Europa e Estados Unidos, apontam que muitas questões ainda estão em aberto sobre o comportamento do vírus, sua gravidade e as formas de transmissão. A nova cepa, chamada de clado Ib, é uma versão mutante do clado I, uma forma de mpox que já é endêmica no Congo há décadas, sendo transmitida principalmente pelo contato com animais infectados. O vírus pode causar sintomas semelhantes aos da gripe e lesões na pele, podendo ser fatal em alguns casos.
Desde o início de 2024, o Congo já registrou mais de 18 mil casos suspeitos de mpox entre as cepas clado I e Ib, resultando em 615 mortes. Além disso, o clado Ib foi confirmado em quatro países africanos no último mês, e houve registros de casos isolados na Suécia e na Tailândia, em pessoas que viajaram recentemente à África.
O doutor Dimie Ogoina, especialista em doenças infecciosas na Nigéria, destacou a gravidade da situação, afirmando que a falta de compreensão sobre o surto pode comprometer os esforços para controlar a transmissão do vírus. Ogoina, que foi um dos primeiros a alertar sobre a possível transmissão sexual do mpox em 2017, agora chama a atenção para a rápida mutação do vírus, que parece estar evoluindo em um ritmo acelerado.
Essa evolução mais rápida do clado Ib em menos de um ano é motivo de preocupação, principalmente se comparado ao clado IIb, que levou mais de cinco anos para se disseminar de forma sustentada entre humanos, desencadeando o surto global de 2022. A situação atual reforça a necessidade de maior atenção global ao mpox, especialmente em áreas onde os recursos são limitados, para evitar que o vírus continue a evoluir sem controle e se espalhe para outras regiões do mundo.