Desde as primeiras horas desta terça-feira (6/8), mais de mil agentes públicos estão nas ruas para dar cumprimento a sete mandados de prisão, 117 de busca e apreensão, 46 de arresto, sequestro e bloqueio de bens e 44 de interdição de imóveis. A operação, denominada Salus et Dignitas, busca desferir um golpe contundente contra a criminalidade organizada que transformou a região central da capital paulista em um ecossistema de atividades ilícitas, controlado por uma conhecida facção criminosa e explorado por diversos grupos organizados.
“O tráfico de entorpecentes é apenas uma das atividades dentro do repertório criminoso dessa região,” afirmam os promotores do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (GAECO). Entre os crimes investigados estão o comércio ilegal e receptação de peças veiculares, armas e celulares; contaminação do solo; exploração da prostituição; captação ilegal de rádios transmissores da polícia; e submissão de pessoas a trabalho análogo à escravidão.
Durante as investigações, foi constatado que a facção atua de maneira estratégica na Cracolândia, replicando a lógica dos agentes econômicos, mas no mercado ilícito. Ao garantir o controle de um território específico, a facção maximiza os lucros através de diversas atividades ilícitas, superando restrições que limitam sua expansão.
A operação busca prender três guardas-civis metropolitanos e um ex-agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM) suspeitos de integrarem uma milícia, além de dois traficantes de drogas investigados por venda de armas. Até o momento, cinco dos sete alvos foram presos. Entre eles, estão:
- Leonardo Moja, o “Léo do Moinho”, apontado como um dos chefes do PCC na Favela do Moinho.
- Janaína da Conceição Cerqueira Xavier, suspeita de tráfico de drogas.
- Antonio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas Scorsafava, GCMs suspeitos de extorquir comerciantes.
- Valdecy Messias de Souza, funcionário de uma empresa de comunicação suspeito de vender aparelhos que davam acesso às frequências de rádio das polícias.
A investigação apura se a milícia extorquia dinheiro de comerciantes em troca de proteção e se os traficantes também praticavam venda ilegal de armas. A operação visa cumprir 117 mandados de busca e apreensão na capital paulista e 46 mandados de sequestro e bloqueio de bens.
Em um ano de investigação, promotores do Gaeco e policiais identificaram que a quadrilha se dividia em cinco grupos de atuação na Cracolândia: ferros-velhos, milícia de GCMs, receptação de celulares, hotéis e hospedarias controlados pelo PCC, e a Favela do Moinho, que serve como base para a facção.