A economia da Argentina sofreu uma queda de 3,9% em junho em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados oficiais divulgados na quarta-feira (21). O resultado foi pior do que as previsões do mercado, que esperavam uma retração de até 3,2%. Mesmo a mais pessimista das projeções não previu a profundidade da crise, destacando a gravidade da situação econômica do país.
Apesar de o setor agrícola e pecuário ter continuado em alta, com um crescimento de 82%, a crise argentina se intensificou, refletindo as medidas de Javier Milei. O presidente, que assumiu em dezembro, promoveu uma série de ajustes econômicos, incluindo o corte de subsídios e a paralisação de obras públicas, o que impactou diretamente o consumo e a produção industrial.
Setores como a construção civil e a indústria foram duramente atingidos. A atividade industrial caiu 20%, enquanto o setor de construção despencou 24% em relação ao ano anterior. Esses números evidenciam a fragilidade da economia argentina e os desafios enfrentados pela população.
Por outro lado, as medidas de Milei tiveram efeitos positivos em alguns indicadores macroeconômicos. A inflação, que estava em alta, começou a desacelerar, atingindo seu menor nível de 2022 em julho. Além disso, o país registrou seu primeiro superávit fiscal trimestral desde 2008, um feito que levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a liberar US$ 800 milhões para o governo argentino.
No entanto, especialistas alertam que o superávit foi alcançado mais pela redução drástica de gastos do que por um aumento significativo nas receitas. O resultado disso é uma crise social severa, com 41,7% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O consumo interno também foi afetado, com a demanda por produtos tradicionais, como a carne, atingindo o menor nível em um século.
Com essas medidas, a expectativa é que a inflação continue a cair, mas a um custo elevado para a população, que já enfrenta altos níveis de desemprego e perda de poder aquisitivo.