O secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite, mudou o tom de declaração em relação ao “Caso hacker”, afastou o delegado Carlos Henrique Cotait, direcionou o caso à Corregedoria Central da Polícia Civil em São Paulo e declarou que vai acompanhar pessoalmente o caso e o depoimento do hacker Patrick Cesar da Silva Brito, que é de Araçatuba está na Sérvia.
As declarações de Derrite foram dadas em entrevista à rádio Auriverde nesta quarta-feira (28) com mudanças na abordagem do caso. Há três semanas, ele havia dito que veículos de comunicação estariam dando palco a um criminoso confesso.
No entanto, já na entrevista nesta quarta-feira ao jornalista Alexandre Pittoli, da rádio Auriverde, o secretário afirmou que remeteu o caso, que investiga possíveis crimes em Bauru e principalmente Araçatuba, envolvendo o delegado e um agente policial Civil, à Corregedoria Central. Ele também anunciou que pediu o afastamento de Cotait do cargo de delegado Divisionário da Deic em Araçatuba, que já tem novo substituto.
Conforme reportagem do Jornal da Cidade de Bauru, Derrite esclareceu que o afastamento de Cotait não se tratou de uma punição, mas sim uma medida para garantir lisura nas investigações. Ele foi direcionado para realização de trabalhos internos e perdeu a gratificação que recebia pelo cargo.
Derrite afirmou também, em entrevista à rádio, que quer acompanhar de perto esse caso e também o depoimento do hacker. Ele afirmou que a decisão de remeter à Corregedoria Central, é garantir que não haja nenhuma interferência no caso. Ele ainda declarou que não importa se Patrick é criminoso ou não, e ele será ouvido para comprovar se houve desvio de conduta com os agentes policiais com quem ele afirma ter se aliado.
Patrick afirmou que o advogado criminalista Luciano Santoro, que está fazendo sua defesa, já foi contactado pela Secretaria de Segurança Pública para agendar o depoimento por videoconferência. Santoro é conhecido por atuar em casos de grande repercussão, como de Elise Matsunaga, e ja ministrou palestra em uma faculdade de Araçatuba.
Conforme reportagem do Jornal da Cidade de Bauru, a decisão de Derrite em centralizar as investigações foi tomada após ele receber em mãos um ofício do vereador de Bauru, Eduardo Borgo, elencando uma série de dúvidas com relação a condução das apurações em Araçatuba, onde Cotait teria forte influência.
Imprensa
Borgo questionou ainda a atitude de Cotait contra profissionais da imprensa. Um delegado na época subordinado a Cotait tentou censurar a matéria publicada pela revista Piauí, intitulada “O hacker e o delegado”, escrita pelo jornalista Allan de Abreu, e que trouxe à tona denúncias do hacker envolvendo Cotait.
Jornalistas e radialistas de Araçatuba que repercutiram a reportagem da revista Piauí foram alvo de boletim de ocorrência feito por outro delegado subordinado na época a Cotait, acusados de crimes contra a honra. O jornalista Allan de Abreu, da revista Piauí e André Fleury Moraes, do Jornal da Cidade de Bauru, foram incluídos em um dos inquéritos por Cotait.
Lisura
Ainda de acordo com reportagem do Jornal da Cidade de Bauru, a declaração de Derrite vem na contramão do relatório que culminou no arquivamento que apura participação de um policial que é meio-irmão do cunhado da prefeita de Bauru, Suellen Rosim, sobre possível contratação do hacker para monitorar desafetos do governo dela.
Araçatuba
Em Araçatuba, conforme matéria da Revista Piauí, Patrick teria sido cooptado pelo delegado para fazer espionagens de alvos de operações, entre elas a Raio-X, que investigou políticos e médicos em relação a desvio de recursos na área da saúde. Um dos investigados na época foi o então candidato ao governo do Estado e atual ministro Márcio França. Leia matéria da Piauí.
Novas revelações
Mais recentemente em entrevistas concedidas a rádio Auriverde que antecederam as decisões de Derrite, Patrick fez novas revelações e acusações, incluindo suposta contratação por parte de Gilberto Kassab, atual secretário do governo do Estado de São Paulo, para fazer um levantamento sobre a vida de Jair Bolsonaro, em 2018, quando era candidato à presidência da República. A assessoria de Kassab nega a cusação e diz que o secretário nem sequer conhece o hacker.