Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) revela que, em 2024, 23.338 bebês foram beneficiados com 22,6 mil litros de leite humano, coletados e distribuídos pelos 58 bancos de leite humano (BLH) e 45 postos de coleta no estado. Esses serviços têm como objetivo promover o aleitamento materno, uma ação especialmente destacada no Agosto Dourado, mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de leite materno, considerado “ouro” para os bebês.
O leite materno é essencial para a proteção e o desenvolvimento saudável das crianças, especialmente nos primeiros seis meses de vida. Ele é a principal fonte de nutrientes e anticorpos, fundamentais para prevenir doenças, como diarreias e infecções respiratórias, além de reduzir o risco de complicações graves em bebês prematuros.
Segundo Roberta Ricardes Pires, da Área Técnica de Saúde da Criança da SES-SP, o trabalho dos BLHs é crucial para diminuir a mortalidade infantil. “Os bancos de leite garantem que os bebês internados em unidades neonatais recebam a fonte de vida que precisam naquele momento, seja o leite da própria mãe ou de doadoras”, explica. Para bebês prematuros, o leite humano reduz o risco de condições graves, como enterocolite necrotizante e broncodisplasia pulmonar.
Todos os anos, o estado de São Paulo busca aumentar as metas de doação de leite humano. “Estamos constantemente aprimorando a experiência tanto para quem doa quanto para quem recebe”, destaca Roberta. A SES-SP oferece atendimento grupal e individual às mães, além de ensinar técnicas para facilitar o processo de amamentação e doação.
A engenheira Gabriele Gonçalves Marques Cardoso, de 33 anos, é uma das mães doadoras. Movida pela solidariedade, ela decidiu se tornar doadora de leite ainda durante a gestação. Após o nascimento de seu filho, Gabriele começou a doar regularmente para o banco de leite do Hospital Leonor Mendes de Barros. “Se tenho leite para compartilhar, por que não ajudar? Quero continuar doando enquanto puder”, afirma.
Do outro lado, o sentimento de gratidão é imenso. Flávia Silva Gomes da Cruz, de 26 anos, mãe de Luan, um bebê prematuro que nasceu com 28 semanas, é uma das mães que dependem do leite doado para o desenvolvimento de seu filho. “Só tenho a agradecer às mulheres que fazem esse ato de amor. O leite materno é o melhor para nossos filhos”, ressalta Flávia, que espera em breve poder amamentar Luan após sua recuperação.
Para realizar doação de leite, a doadora precisa:
- Não ter recebido doação de sangue nos últimos 12 meses;
- Não fazer uso de medicamentos incompatíveis com amamentação;
- Preparar um vidro com tampa de plástico (lave em água corrente e leve para ferver. Ao levantar fervura, contar 15 minutos, escorrer e deixar secar naturalmente);
- Identificar o vidro com seu nome completo e a data da primeira retirada;
- Utilizando ordenhadeira, seguir a orientação do fabricante para esterilização dos apetrechos. Se a ordenha for manual, utilizar copos de vidro (previamente esterilizados como descrito acima). Com as mãos higienizadas, massagear o seio em direção à aréola. Depois segurar o seio e, com os dedos polegar e indicador, comprimir para depositar o leite em recipiente esterilizado;
- Utilizar touca e máscara (um lenço pode substituir a touca);
- Procurar um ambiente calmo e tranquilo;
- Desprezar os primeiros jatos de leite para começar a coleta;
- Ao término, colocar imediatamente o leite no vidro com tampa plástica e congelar (não refrigerar, sempre congelar);
- Na próxima extração, colocar o leite por cima do leite que já está congelado até completar o volume do vidro, respeitando o limite máximo de “dois dedos” abaixo da tampa;
- Na primeira visita, além de ser necessária a coleta de uma amostra de sangue para exames obrigatórios, o BLH fornece vidros esterilizados, bem como, touca e máscara.