Uma estudante de 14 anos de uma escola estadual em Penápolis, foi socorrida após desmaiar durante uma brincadeira feita entre os alunos, conhecida como “jogo do desmaio”. O caso teria ocorrido na tarde de sexta-feira (16), em uma unidade que fica na região central da cidade.
A vítima, do 6º ano do ensino fundamental, participou do “desafio” com mais três amigos de classe, com idades de 14, 13 e 12 anos, por volta das 16h30. Uma equipe da PM foi acionada a ir até o pronto-socorro, onde a garota foi levada para atendimento médico.
Susto
Chegando ao local, foram informados pelo médico que atendeu que a jovem estava desorientada e sem responder os membros inferiores e superiores, sendo encaminhada para novos exames, entre eles, tomografia.
Após os procedimentos, seria encaminhada para a Santa Casa de Araçatuba, visando uma avaliação por um médico neurocirurgião. Os policiais levaram a mãe da estudante à delegacia, bem como foi solicitado a diretora e professor que comparecessem a unidade para prestar esclarecimentos.
Um adolescente de 12 anos foi ouvido também e contou que os amigos fizeram a brincadeira que viram na internet, tendo a jovem passado mal. A diretora relatou que, após tomar ciência dos fatos, acionou uma ambulância, sendo que a jovem foi andando, porém, apoiada na mãe e no professor.
Ela ainda acrescentou que soube do caso conversando com estudantes, de que a adolescente tinha sido vítima de uma brincadeira, onde eles apertavam o peito dela. Um deles informou que estavam no intervalo das aulas, quando decidiram fazer o “desafio”, visto na internet.
Ainda segundo ele, a vítima pediu para que fosse feito com ela, sendo encostada na parede, com os braços junto ao peito em forma de “X”, tendo que respirar fundo por 10 vezes. Enquanto isso, alguém ficou apertando seus braços contra o corpo.
Durante o momento em que a aluna respirava, dois amigos ficaram apertando os braços dela contra o peito, enquanto o declarante informou que ficou próximo segurando o braço de um deles para que não apertasse tão forte.
O grupo ficou contando e, quando chegou no dez, um deles pediu para o amigo soltar a adolescente, onde esta foi caindo para frente. Perguntada se estava bem, contou que ela, naquele momento, sorriu e passou a conversar com as pessoas que estavam próximas.
Na sequência, deram água para ela, porém, passou mal, desmaiando, não respondendo e não conseguindo andar sozinha. A mãe dela foi chamada à escola, tendo a direção providenciado o socorro em ambulância.
A Seduc-SP (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) informou que apurará o ocorrido para se manifestar sobre o assunto.
Brincadeira
A “brincadeira” consiste na pessoa, geralmente adolescentes e jovens, ficar encostada na parede, onde segura a respiração por 10 segundos, enquanto outras pessoas a prensam contra a parede, segurando as mãos no peito em forma de “X”.
Duas são as técnicas usadas: a compressão do tórax após um período de hiperventilação e o estrangulamento. Com a compressão torácica os pulmões não conseguem expandir e, portanto, não se enchem de oxigênio, necessário para a sobrevivência de todos os órgãos do corpo humano.
Com o estrangulamento as artérias carótidas são comprimidas impedindo o fluxo de sangue para o cérebro, levando, também a falta de oxigênio ao órgão. A parada da oxigenação temporária no cérebro pode provocar além da perda de consciência, espasmos musculares, formigamento em membros, vertigem, convulsões, coma e morte.
O mecanismo é semelhante ao do AVC isquêmico, podendo ou não deixar sequelas, sendo as mais comuns nas áreas da memória, da visão e da fala. Observam-se também sequelas motoras, com a possibilidade de paralisias irreversíveis.
Quando a parada cardiorrespiratória acontece as chances de sobrevivência são muito pequenas. A prática do desmaio visa não só o desafio proposto na brincadeira, mas também o prazer posterior a ele, provocado pela liberação de neurotransmissores após a interrupção do fluxo de oxigênio cerebral.
A sensação é semelhante àquela sentida com o uso de drogas ilícitas e pode tornar-se uma prática habitual pela busca de sensações agradáveis, mesmo que fugazes. (Por: Ivan Ambrósio – Jovem Pan Penápolis)