Final de julho de 1924. Os revoltosos que tentaram derrubar o governo do presidente Arthur Bernardes fracassaram em seu intento e deixavam a capital paulista rumo ao Paraná. Araçatuba tinha apenas 16 anos de fundação e era governada por Hermílio de Magalhães Pinto, o segundo prefeito do município que assumira um ano antes e teria um trágico e violento fim dias depois, no início de agosto daquele ano.
Hermílio de Magalhães Pinto tinha 52 anos à época e foi descrito pelo escritor Fabriciano Juncal, em seu livro “A verdadeira história de Araçatuba”, como um homem bom e batalhador, “que não se preocupava muito com as rixas internas que dividiam a cidade, e dedicava-se mais aos problemas administrativos”. Ele estava iniciando a construção da Praça Rui Barbosa, local que seria palco de sua bárbara execução.
A chamada Revolução Tenentista ou Revolta Paulista de 1924 reivindicava reformas na República, como o voto secreto, mudanças no ensino público, moralização da política e a destituição do presidente Arthur Bernardes. O levante foi assim chamado porque foi organizado por alas progressistas do Exército, com participação de tenentes e militares de outras patentes, comandados pelo general Isidoro Dias Lopes.
Deflagrada em 5 de julho de 1924, a violenta revolta sitiou a capital paulista por 23 dias, o que fez o governador Carlos de Campos deixar São Paulo. Para ajudar no combate à Revolução Tenentista e reforçar a força legalista, Hermilio Magalhães, que era do mesmo partido de Campos, o PRP, teve de convocar os policiais de Araçatuba, que se deslocaram para a capital.
A segurança de Araçatuba passou a ser feita, alternadamente, por homens ligados a dois grupos políticos, um liderado pelo ex-prefeito Joaquim Pompeu de Toledo, que era a favor da revolução, e outro pelo Coronel Guilherme de Souza, legalista, fiel ao governo do Estado, conforme contou Fabriciano Juncal em seu livro publicado em 1973.
A Tragédia
Na noite de 2 de agosto, quem estava na rua era o Grupo do Coronel Guilherme de Sousa. Com a notícia do fracasso da revolução, os homens de Sousa passaram a comemorar a vitória dos legalistas, sob a liderança do jornalista Manoel Ferreira Damião, na praça Rui Barbosa.
Conforme Fabriciano Juncal publicou em seu livro, Damião insultou o advogado Jacinto de Barros, que apoiava a revolução. Os dois passaram a discutir e Barros acabou atirando em Damião no pescoço, que foi socorrido por Juncal e outros que por ali estavam.
A tragédia maior, no entanto, estava por vir. Hermílio Magalhães voltava para casa quando, ao atravessar a Rui Barbosa, foi cruel e barbaramente assassinado pelas costas, por três indivíduos escondidos atrás do coreto.
Segundo Fabriciano Juncal, os assassinos eram os carabineiros e jagunços de muitas mortes João Alves e seu cunhado José de Araújo, acompanhados do pistoleiro Armando Pedrásio. Não há registros da motivação do crime.
A crueldade do crime provocou uma grande onda de revolta na população. Com a morte de Hermílio Magalhães, quem assumiu a prefeito foi Gaspar Prado de Souza, que governou Araçatuba até novembro de 1924. Hoje, Hermílio Magalhães dá nome a uma rua, no centro da cidade.