A Justiça de Votuporanga (SP) condenou na última quarta-feira (10) uma educadora a cinco anos de prisão por dopar crianças com um tranquilizante tarja preta na creche “Valter Peresi”. A decisão ainda cabe recurso.
A denúncia contra a educadora surgiu em 2019, quando Keli Nascimento Antoniolo, mãe de um bebê de 11 meses, relatou à polícia que seu filho saía da creche desacordado. “A escola ligava e eu e meu marido íamos buscar, ele estava abatido, olhar longe, vomitando, às vezes ele desmaiava. De desmaio já foram três ou quatro vezes, mas de ligar para a gente ir buscar era direto”, afirmou Keli.
A mãe procurou a Secretaria de Educação para fazer uma queixa formal. No relatório, a diretora da escola afirmou que o bebê chegou bem, alegre e brincalhão, mas à tarde começou a apresentar sintomas de sonolência, vomitou e desmaiou. Exames toxicológicos realizados na Santa Casa da cidade identificaram a presença de clonazepam no organismo da criança.
Outras mães também notaram sintomas semelhantes em seus filhos e procuraram a polícia, o que levou à exoneração da educadora pela prefeitura em 2019 e à abertura de um inquérito pelo Ministério Público. A educadora negou as acusações, mas as provas, incluindo exames toxicológicos e imagens de câmeras de segurança, contradisseram sua alegação.
O juiz José Guilherme Urnau Romera destacou em sua decisão a falta de consideração pelo bem-estar das crianças. “Essa conduta revela uma total falta de consideração pelo bem-estar da vítima e uma preocupação egoísta em relação à sua própria comodidade. Ao ministrar o medicamento de uso controlado a uma criança indefesa, violou não apenas a confiança depositada pelos pais na instituição escolar, mas também colocou em risco a saúde e a vida do infante”, escreveu o juiz.
A educadora, que anteriormente recebeu tratamento de urgência para transtornos mentais e comportamentos associados ao uso de sedativos, tinha acesso aos medicamentos utilizados para dopar as crianças.
O advogado Hery Kattwinkel, que defende a família da vítima e atuou como assistente de acusação, recebeu a decisão com um sentimento de justiça e alívio. “Como advogado e defensor dos direitos humanos, estou satisfeito com a decisão judicial que condenou a acusada. Esta condenação é um alívio para a família da vítima e uma reafirmação do compromisso do nosso sistema judiciário com a justiça e a proteção dos mais vulneráveis”, declarou Kattwinkel.