A ciência e a fé nem sempre caminharam juntas. No Catolicismo, São Tomás de Aquino, no século XIII, foi o divisor de águas para conciliar a fé, a razão e a ciência. São Tomás foi teólogo e filósofo, fundador da escola Tomista e ligado à escolástica – escola com viés crítico, que valorizava a ciência.
Ele escreveu, inclusive, sobre as cinco provas da existência de Deus, adotando o “Princípio da Causalidade” de Aristóteles, texto que vale a pena ser lido. Para o filósofo Schopenhauer, na obra “Sobre o Sofrimento do Mundo”: “Quem morre perece, mas permanece um germe, a partir do qual se produz um novo ente …”. A esse fenômeno Schopenhauer denominou palingenesia.
Esse entendimento possui similaridade ao de Charles Darwin, na sua teoria da evolução biológica por seleção natural. Segundo a Monja Coen, numa entrevista para a revista Exame, “Para o Budismo, vida e morte são uma unidade que não se separam. Os seres morrem e renascem abandonando a ideia do que foram … a vertente tibetana aceita a volta do espírito em outras vidas”.
Para o Espiritismo, doutrina fundada por Allan Kardec, no século XIX, a morte dá fim ao corpo físico, permanecendo o espírito num processo evolutivo e com a possibilidade de reencarnação. A psicografia, para essa doutrina, é um processo utilizado por médiuns, consistindo no contato entre o morto e o médium, em que este transcreve a mensagem recebida daquele.
Mas, existe comprovação científica disso? Matéria do site Bondnews de Londrina, aborda sobre o advogado Carlos Augusto Perandréa, 80 anos, pós-graduado em Criminologia, que construiu carreira no Banco do Brasil e na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ele ganhou notoriedade nacional em razão da pesquisa realizada durante 14 anos (1977 a 1991) para análise da autenticidade das cartas psicografadas por Francisco Xavier, médium mineiro morto em 2002.
Esse perito judicial, no livro A psicografia à luz da grafoscopia (1991), dentre inúmeros casos, analisou uma carta psicografada por Chico Xavier e atribuída ao espírito da italiana Ilda Mascaro Saullo, comparando-a com um cartão de Natal e outros manuscritos, assinados por Ilda em vida, em italiano. A conclusão do perito foi que a mensagem psicografada por Chico Xavier contém características irrefutáveis de gênese gráfica suficientes para a revelação e identificação de Ilda Mascaro Saullo como autora da mensagem.
Existe, também, o livro A vida triunfa (1992), de Paulo Rossi Severino, de pesquisas sobre 45 cartas-mensagens recebidas por Chico Xavier (o qual possui mais de 400 obras publicadas e 25 milhões de exemplares vendidos). É fato, assim, que mensagens psicografadas por Chico Xavier são apontadas por métodos científicos como verdadeiras, ou seja, foram enviadas por pessoas falecidas.
Fraudes? Basta saber um pouco sobre a vida de Chico Xavier, da sua mediunidade e da total dedicação de amor ao próximo, para afastar qualquer hipótese de charlatanismo religioso. Neste caso, a fé e a ciência se entrelaçaram. O desafio aos incréus é provar o contrário.
Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10