Uma equipe de enfermagem de um hospital em São Paulo denunciou um homem por abusar da própria filha, de 17 anos, que estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após uma traqueostomia. Os vídeos, gravados pela equipe durante uma madrugada de maio, mostram o pai passando as mãos nos seios, pernas e outras partes do corpo da jovem enquanto ela estava internada.
O rosto do homem foi borrado na reportagem porque, como ele é pai da vítima, sua identificação poderia, também, revelar a identidade da jovem.
De acordo com a delegada Kelly Cristina Sacchetto, da seccional de São Bernardo do Campo, o abuso foi confirmado através do exame de corpo de delito. “Tivemos a constatação realmente através do exame de corpo de delito, onde realmente se constatou o abuso sexual, as lesões provenientes desse abuso que esse pai cometia”, afirmou a delegada.
Sete funcionários do hospital foram ouvidos como testemunhas pela polícia. Eles relataram que, durante a noite, na companhia do pai, o comportamento e os sinais vitais da paciente mudavam, e que ele insistia para que a filha saísse da UTI para ter mais privacidade com ela. Além disso, o homem chegou a fechar a cortina do leito para ocultar suas ações. Uma das testemunhas contou que, após a filmagem, percebeu que a adolescente estava muito agitada ao trocar a fralda e notou que as partes íntimas dela apresentavam vermelhidão e fissuras.
Sob condição de anonimato, duas funcionárias do hospital relataram suas observações ao programa Profissão Repórter, da TV Globo, exibido na última terça-feira (11). Uma delas disse: “Observamos que, durante o tempo que ela ficava com o pai, era o momento que realmente ela se agitava mais, ela tinha taquicardia e a equipe toda ficou em alerta, porque a gente não queria acreditar que era o que realmente a gente estava vendo ali. Era uma situação de abuso.” Outra profissional mencionou que o homem chegou a acariciar o seio da jovem e abrir sua fralda durante a noite.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que a adolescente apresenta lesões compatíveis com a prática de atos libidinosos e que a data provável do ocorrido seria recente. O homem foi preso no dia 13 de maio e teve a prisão temporária convertida em preventiva pela Justiça. Ele agora é réu por estupro de vulnerável.
A mãe da vítima defendeu o marido, afirmando que ele é um pai amoroso e presente. “Ele não fez nada. Um pai muito presente na vida dos meus filhos. Muito amoroso. Ali, para mim, foi um momento de desespero […] Ninguém chamou a gente para conversar. Acharam melhor estar expondo ele. Destruiu a minha família. Nós somos dependentes dele para tudo”, declarou a mãe em entrevista.
O advogado do acusado também se pronunciou, negando veementemente as acusações. Segundo ele, as gravações não confirmam com exatidão a prática do crime, e por isso, seu cliente deve ser considerado inocente até que se prove o contrário.