A influenciadora cristã Michele Mendonça Dias Abreu foi denunciada por intolerância religiosa após associar a tragédia climática no Rio Grande do Sul a religiões de matriz africana. A denúncia partiu do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e foi aceita pelo juiz Paulo Victor de Franca Albuquerque Paes, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Governador Valadares, que considerou as provas apresentadas suficientes para a instauração da ação penal.
No vídeo publicado em suas redes sociais no dia 5 de maio, Michele afirmou que “o estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com o maior número de terreiros de macumba, mais do que a Bahia”, e que profetas em algumas igrejas já haviam predito a calamidade como um sinal divino. “Eu estava vendo ontem e em algumas igrejas alguns profetas já estavam anunciando em janeiro, fevereiro, sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul devido a ira de Deus mesmo”, disse a influenciadora.
Michele também declarou que as pessoas estavam “misturando aquilo que é santo” e que “Deus não divide a sua honra com ninguém e isso vai ter consequências, está tendo consequências”. As declarações foram amplamente criticadas nas redes sociais e consideradas atos de intolerância religiosa.
Os temporais mencionados por Michele afetaram 2,3 milhões de pessoas e deixaram mais de 170 mortos no Rio Grande do Sul. A tragédia trouxe grande comoção nacional, e as declarações da influenciadora geraram uma reação negativa significativa.
Em resposta à controvérsia, Michele publicou um novo vídeo nas redes sociais na terça-feira, 7 de junho, onde pediu desculpas e se retratou de suas declarações. “Na verdade, eu me expressei mal, não quis de forma alguma ofender as pessoas em relação à religião, que é uma opção individual de cada um. Peço perdão se magoei as pessoas em relação à opção delas”, afirmou ela, destacando que sua intenção não foi associar os desastres naturais com crenças específicas.
Apesar do pedido de desculpas, o processo judicial seguirá seu curso, e Michele responderá pelas acusações de intolerância religiosa na Justiça.