Como já tivemos a geração “coca-cola”, temos a geração “Tik Tok” (ou “Tic Toc”). Soa interessante, num primeiro momento, essa onda de vídeos e de textos curtos, com poucos segundos de duração, já que estamos na época em que não se tem tempo para nada: digo que é o “mal da tacocracia”.
O problema, porém, é que o nosso cérebro fica condicionado a mensagens visuais e de áudio curtas, gerando desinteresse (preguiça mental) à leitura de livros (físicos ou digitais) com muitas páginas ou filmes de longa-metragem.
Esse efeito nocivo condicionante, a longo prazo, poderá influenciar na boa ou má formação do aluno. O hábito de leitura é importante por várias razões, mas, principalmente, porque agrega conhecimento e tira o indivíduo da mediocridade. Quem forma conceitos com base em notícias da grande mídia ou sem checar a fonte está no rol
dos mais ignorantes (já que ignorantes todos somos sobre muitas coisas).
Permitam-me uma dica de um bom livro sobre ignorância: “Ignorance – A Global History, de Peter Burke” (com versão em português). Leitura e educação, por sua vez, andam sempre de mãos dadas. O PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos – tem como objetivo ajudar os países no aprimoramento dos seus sistemas de ensino, buscando padrão de qualidade, equidade e eficiência.
O Brasil, conforme a avaliação do Pisa de 2022, está “abaixo do cocô do cavalo do bandido” (esta expressão entre aspas é minha). Segundo publicação do “g1”, de 05/12/2023, o Brasil está nas últimas posições no Pisa 2022, estando abaixo da média da OCDE em três disciplinas (matemática, leitura e ciências).
A pandemia, sim, pode ter influenciado esse quadro; mas, entra ano e sai ano, o Brasil sempre está no fim da fila do Pisa. Culpa do (s) governo (s)? Certamente. Mas, cabe ao cidadão fazer a sua parte e fomentar a cultura da leitura, a qual, por sua vez, influenciará positivamente para a evolução educacional dos alunos nas demais disciplinas apontadas pelo Pisa. Isso, por si, elevaria a educação no Brasil a um nível mais aceitável.
No Brasil, segundo o site “Cultura” de 24/04/2022, 44% da população não lê e 30% nunca comprou um livro. O brasileiro lê em média quatro livros ao ano, enquanto um canadense lê doze. Somente para reflexão: quantos livros você leu este ano? Se nada leu ou leu pouco, faça mea-culpa, diante do triste quadro da educação no Brasil, lembrando sempre da importância do hábito de leitura pelos pais para a motivação dos filhos.
Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10