O médico pediatra Anderson Azevedo Dutra, coordenador do Serviço de Neonatologia e Pediatria Intensiva da Santa Casa de Araçatuba, defende um plano de contingenciamento “para que nenhuma vida seja perdida”, diante do aumento de casos de doenças respiratórias em crianças e a consequente demanda por internações que provocaram uma superlotação no hospital.
Dutra, que é professor-doutor, faz o alerta aos pais, autoridades de Saúde Pública e do Judiciário e também aos gestores municipais em relação à possibilidade de esgotamento da estrutura do hospital para o tratamento de crianças de 0 a 14 anos.
“As doenças respiratórias aumentam nos próximos meses, estaremos e deveremos ficar em alerta máximo”, afirma o médico, ao defender o contingenciamento. O plano, segundo o especialista, deve envolver a participação do Ministério Público, secretários de saúde dos 40 municípios atendidos pelo hospital e do diretor da DRS 2, Dr. Francisco Balsalobre.
INTERNAÇÕES
O aumento de internações de crianças com doenças respiratórias começou há aproximadamente dois meses e atingiu o pico há duas semanas, ocasião em que os 10 leitos da UTI Neonatal e Pediátrica foram insuficientes para atender as demandas diárias.
As duas unidades atendem os 40 municípios da região de Araçatuba em todas as patologias e os casos de urgência e emergência que correspondem à aproximadamente 90% do fluxo diário de internações.
VÍRUS E CARTA ABERTA
A causa do aumento da demanda pelas internações de bebês e crianças deve-se, principalmente, à circulação de diversos vírus no município e região, em especial o vírus sincicial respiratório, que causa bronquiolite (inflamação das pequenas vias aéreas no pulmão) e pneumonia.
Em carta aberta à comunidade, Anderson Azevedo Dutra faz um apelo aos pais para que vacinem as crianças a partir de seis meses de idade, seguindo o calendário da rede pública de saúde, e evitem exposições desnecessárias. “Estamos diante de um aumento expressivo de doenças respiratórias na infância, com situações de gravidade, em especial, aquelas menores que um ano”, alerta.
Ele cita que dois estados brasileiros, Santa Catarina e Mato Grosso, já declararam estado de emergência sanitária. “Como a nossa Santa Casa responde por 40 municípios, atendendo aqueles que precisarem via sistema de regulação de vagas, estamos diante de uma superlotação de leitos”, pondera.