Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram nesta quarta-feira (22) o reconhecimento do Estado da Palestina como uma nação independente. A decisão, vista como um passo significativo no cenário internacional, gerou uma resposta imediata de Israel, que convocou os embaixadores desses países em Tel Aviv para prestar esclarecimentos.
Embora o reconhecimento internacional seja um marco importante, a criação de um Estado Palestino enfrenta desafios consideráveis. Desde 2007, os territórios palestinos estão divididos entre o Fatah, que governa a Cisjordânia, e o Hamas, que controla Gaza. A Cisjordânia ainda é marcada pela presença de numerosos assentamentos israelenses protegidos pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), dificultando a autonomia palestina na região.
Israel reagiu com veemência à decisão dos três países europeus. O Ministério das Relações Exteriores de Israel ordenou a saída imediata de seus embaixadores na Espanha, Irlanda e Noruega. Além disso, os embaixadores desses países foram convocados ao Ministério das Relações Exteriores em Tel Aviv. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarou que o reconhecimento palestino “minou o direito de Israel à autodefesa e os esforços para devolver os 128 reféns detidos pelo Hamas em Gaza”.
Desde os ataques do Hamas em 7 de outubro e a subsequente resposta militar de Israel, a situação humanitária em Gaza se deteriorou drasticamente. Organismos internacionais relataram que Gaza está em ruínas, sem saneamento básico e à beira da fome. O conflito resultou em mais de 35 mil mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Durante os ataques, mais de 1.200 israelenses foram mortos e centenas foram feitos reféns pelo Hamas.
Os primeiros-ministros dos três países que reconheceram a Palestina criticaram duramente as políticas de Israel. Simon Harris, da Irlanda, afirmou que outros países devem seguir esse exemplo nas próximas semanas. Pedro Sánchez, da Espanha, condenou as ações de Israel em Gaza e chamou por um cessar-fogo, destacando que a atual abordagem de Benjamin Netanyahu está “gerando tanta dor e destruição que a solução de dois Estados está em perigo”.
Na ONU, uma resolução recente abriu caminho para que a Palestina se torne membro das Nações Unidas. A resolução, aprovada pela Assembleia Geral com 143 votos a favor, 9 contra e 25 abstenções, pede que o Conselho de Segurança aprove a Palestina como o 194º membro da ONU. Contudo, devido ao poder de veto dos EUA, é improvável que a medida avance no Conselho. Mesmo assim, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, comemorou a resolução como um passo significativo para o reconhecimento pleno da Palestina.