Em meio a preocupações com o abastecimento nacional devido às intensas chuvas no Rio Grande do Sul, Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Farsul), traz uma mensagem tranquilizadora. Segundo ele, o estado tem arroz suficiente para manter o mercado abastecido por, no mínimo, 10 meses.
Nos últimos dias, consumidores de algumas regiões do Brasil, como Minas Gerais, enfrentaram limitações na compra do grão em supermercados, que chegaram a estabelecer cotas por pessoa. Estabelecimentos comerciais têm reforçado, por meio de avisos, que “não vai faltar arroz”, tentando aplacar os temores da população.
O Rio Grande do Sul, que responde por 70% da produção de arroz do país, já colheu 84,2% de sua área plantada, totalizando cerca de 6,4 milhões de toneladas do grão. Apesar do volume significativo, as chuvas e a subsequente dificuldade em transportar o produto têm preocupado os produtores e consumidores.
Ações conjuntas entre governo e indústria já foram implementadas, incluindo a importação de 75 mil toneladas de arroz da Tailândia pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) e a liberação federal para a compra de até 1 milhão de toneladas de arroz dos países do Mercosul, medidas essas destinadas a garantir o abastecimento e estabilizar os preços.
Contudo, a maior dificuldade, conforme destaca Pereira, é a logística para distribuir o arroz colhido. “Podemos ter, sim, por falta de logística, um desabastecimento no curtíssimo prazo, mas nada mais do que isso”, ressalta, aliviando preocupações de uma crise prolongada de abastecimento.
A temporada atual foi marcada por perdas de aproximadamente 114 mil toneladas de arroz, devido aos efeitos das enchentes exacerbadas pelo fenômeno El Niño. Isso representou uma diminuição de cerca de 1,6% do total esperado, segundo Flávia Tomita, diretora técnica do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).