O Fórum da Justiça Estadual de Araçatuba (SP) será palco na próxima quinta-feira (18) de um dos julgamentos mais aguardados dos últimos anos na cidade. O Tribunal do Júri se reúne para decidir o destino da ex-policial militar Miriam Cristiane Senche de Zacarias, acusada de envolvimento no homicídio do ex-marido, o tenente-coronel Paulo Roberto Zacarias Cunha.
O crime, que ocorreu em 21 de fevereiro de 2004, teve grande repercussão na imprensa. O autor do homicídio foi o então namorado de Miriam, o empresário Fábio Bezerra, já julgado e condenado a 17 anos de prisão.
O julgamento está previsto para ter início às 9h no salão do Júri. Miriam foi denunciada por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Tiros
O tenente-coronel Paulo Roberto Zacarias foi assassinado a tiros em frente à casa da mãe da acusada, na rua Padre Anchieta, no bairro Santana, em Araçatuba.
De acordo com denúncia do Ministério Público, Fábio Bezerra Bezerra chegou no local do crime em uma motocicleta Yamaha XTZ, armado com um revólver calibre 38, e aguardou a chegada da vítima, que também pilotava uma motocicleta. Ao tentar entrar na garagem da casa da ex-sogra, o comandante foi atingido por três tiros nas costas.
Ainda conforme a promotoria, o oficial da PM já estava separado de Miriam, porém, tentava reatar o relacionamento, e estaria disposto a perdoar a traição da ex-mulher, desde que ela abandonasse o namorado Fábio Bezerra.
Segundo a denúncia do MP, Miriam teria instigado Bezerra a cometer o crime, inclusive cedendo a arma utilizada no homicídio. O revólver pertencia ao ex-marido. Ela ainda teria informado ao autor do crime que o ex-marido iria dormir na casa da ex-sogra, local do assassinato.
Julgado em 2010, Fábio Bezerra foi condenado pelo Tribunal do Júri a pena de 17 anos de reclusão. Ele conseguiu o benefício de recorrer em liberdade, entretanto, não conseguiu reverter a pena. O empresário acabou preso em julho de 2012 quando iniciou o cumprimento da pena.
Miriam foi presa logo após o crime, mas o Tribunal de Justiça Militar a absolveu num primeiro julgamento, em 2005, por falta de provas. O Ministério Público recorreu, e em um segundo julgamento, o tribunal militar condenou a acusada a pena de 14 anos de prisão. Porém, o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou a incompetência da justiça militar em julgar o crime.