A Argentina está passando pelo pior surto de dengue já registrado no país, com mais de 120 mil casos confirmados no período de 2023/24, uma marca que supera amplamente os números do ano anterior, já considerado grave. A situação alarmante reflete uma preocupação crescente em toda a América do Sul, onde o clima quente e úmido tem favorecido a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
Segundo Mariana Manteca Acosta, diretora do Instituto Malbran e especialista em doenças infecciosas, a atual temporada registrou um aumento de 200% nos casos em comparação ao mesmo período do ano passado. “Estamos passando pelo pior surto de dengue na Argentina”, alertou Acosta, evidenciando a gravidade do cenário atual.
Os sintomas da dengue, que incluem febre alta, dor de cabeça, vômitos, irritações na pele e dores musculares e nas articulações, têm afetado severamente a população. Em casos mais graves, a doença pode evoluir para uma febre hemorrágica, com risco de morte. Até o momento, foram registradas 79 mortes devido à dengue nesta temporada.
O Brasil, vizinho da Argentina, também tem visto um aumento significativo nos casos de dengue, com a doença se espalhando para regiões anteriormente não afetadas. Esse aumento coincide com o período de maior incidência da doença, que geralmente ocorre entre os meses de fevereiro e maio, durante os últimos meses do verão e início do outono no Hemisfério Sul.
Um dos relatos que destacam a situação crítica vem de Valeria Medina, 36 anos, que está recebendo tratamento para dengue em um hospital na província de Salta, no noroeste da Argentina. Medina aponta para a falta de conscientização sobre a doença e as dificuldades enfrentadas por algumas pessoas para obter diagnóstico e tratamento adequados. “É uma doença que, lá fora, as pessoas não levam muito em conta, mas é feia”, disse ela, evidenciando a necessidade de uma maior atenção para essa questão de saúde pública.
Especialistas, como Eduardo López, do Hospital Ricardo Gutiérrez em Buenos Aires, projetam que o número de casos nesta temporada superará o ano anterior, alcançando um recorde preocupante. “Com as projeções atuais, vamos superar o ano passado. Ainda temos todo o mês de abril, o resto de março e pelo menos 15 dias de maio. Então vamos exceder os 130 mil casos”, explicou López.
A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) já emitiu um alerta no mês passado sobre o aumento de casos na região, após o último ano registrar o maior número de casos em décadas. A situação atual reforça a urgência de medidas de prevenção e controle para combater a proliferação do mosquito transmissor e evitar um aumento ainda maior no número de casos e mortes por dengue.