A Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) de São Paulo, que comemora 26 anos nesta sexta-feira (9), é a mais avançada das Polícias Científicas do Brasil. Além de ser referência mundial no uso de tecnologia para elucidação de crimes, a instituição é exemplo de trabalho e inovação em diversos estados e países do mundo.
Um dos equipamentos mais avançados do Instituto de Criminalística (IC) é o Scanner 3D, que permite que cenas de crimes sejam reproduzidas com exatidão, mesmo anos após a ocorrência. Em 2023, foram atendidos 167 casos no Estado com utilização dos scanners 3D.
O equipamento permite agilidade do levantamento topográfico e escaneamento completo. Por meio de um trabalho minucioso, o perito consegue, mesmo depois da cena ter sido desfeita, fazer toda a inspeção, medição e análise. As reconstituições dos movimentos são realizadas com animações, onde é possível acrescentar vestígios, laudos e fotos para quem analisar o caso.
“Esse equipamento ficou cinco anos em desenvolvimento. Nós fomos a primeira polícia no mundo a receber 10 unidades. Hoje, ele é o que tem de mais avançado no mercado. Muitos estados estão vindo perguntar para a gente a diferença entre equipamentos, como fazer o mapeamento com scanner e qual a nossa experiência”, conta a perita criminal Karin Kawakami, antiga chefe da Equipe de Perícias Criminalísticas Oeste e atual Assistente Técnica da Superintendência.
O Scanner 3D é o único que faz auto calibração. Ele emite pulsos de infravermelho, laser, milhões de vezes por minuto para mapear o ambiente em 360º. Cada medição é um ponto que ele marca e colore de acordo com a cor do ponto, para dar mais exatidão à animação que é produzida em seguida. Hoje, no estado, existem dez scanners, três na capital, um na Grande São Paulo e em Americana, Araraquara, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Bauru.
Recentemente, o equipamento foi decisivo para ajudar nas evidências do caso da torcedora que morreu com uma garrafada, na frente do estádio do Palmeiras. Foi realizado o escaneamento do local com o Scanner 3D. Baseado nas imagens, foi possível colocar todas as pessoas na posição certa e a partir daí, simular uma câmera na cabeça do indivíduo selecionado, para mostrar qual era a visão dele. Os peritos averiguaram que o torcedor que jogou a garrafa tinha a visão do portão que estava aberto e que ele conseguia ver que tinha pessoas do outro lado. Quando ele jogou a garrafa, assumiu o risco de atingir outras pessoas. Ele está preso e aguarda uma decisão da Justiça.
Forenscope
O Forenscope também é uma tecnologia de ponta usada na instituição. Ela permite o levantamento de impressão papilar sem o uso de pó, com luzes e filtros forenses. Isto serve para agilizar o trabalho da revelação e coleta de impressão digital e permitir, simultaneamente, usar uma amostra do mesmo vestígio para extração de perfil genético e fazer pesquisa no banco de dados nacional de perfis genéticos (Codis).
Após a aplicação do pó, não é possível fazer a coleta para extração de perfil, porque o pó e os pincéis não são de uso exclusivo em cada aplicação, contaminando o vestígio para extração de DNA. Com o equipamento, é possível fazer os dois, comparação da impressão digital e coleta para pesquisa no banco de dados de DNA, duplicando as chances de identificação do criminoso.
SPTC completa 26 anos
A Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) foi criada no dia 9 de fevereiro de 1998, para administrar as perícias criminalísticas e médico-legais realizadas em todo o Estado de São Paulo. Hoje é uma das Polícias Científicas mais respeitadas e admiradas do Brasil e do mundo. Sua função é auxiliar a Polícia Civil e o Sistema Judiciário.
Ela coordena e supervisiona os trabalhos de pesquisa nos campos da Criminalística e da Medicina Legal. Em 2023, foram realizados 424.756 atendimentos pelo IC e 496.128 pelo IML.
A Superintendência da Polícia Técnico-Científica, composta pelo Instituto Médico Legal e pelo Instituto de Criminalística, conta com as seguintes carreiras: policiais científicos; atendente de necrotério; auxiliar de necropsia; desenhista técnico-pericial; fotógrafo técnico-pericial; médico legista; perito criminal; profissionais de suporte: executivos públicos; oficial administrativo; técnico de laboratório, entre outros.
Todos os profissionais são aprovados em concurso público e, no caso dos policiais científicos, antes de iniciarem as atividades, passam por curso de formação na Academia de Polícia Civil Dr. Coriolano Nogueira Cobra (Acadepol).