A Polícia realizou na manhã desta quarta-feira (28) a reconstituição da tentativa de homicídio contra o líder comunitário Damião Brito, no dia 3 de abril do ano passado, na rua Baguaçu, na frente a Samar.
A reconstituição foi realizada a pedido da Justiça, e conforme explicação do advogado assistente de acusação, Daniel Madeira, serve para melhor entendimento e convicção do juízo, e também pode ser utilizada no Tribunal do Júri.
A reconstituição foi acompanhada pelo delegado Abelardo Alves Gomes, que esteve com sua equipe no local acompanhando os trabalhos desenvolvidos por peritos do Instituto de Criminalística.
O advogado assistente de acusação constituído pela vítima também acompanhou os trabalhos e os réus não estiveram presentes, pois não houve exigência de participação. Guardas municipais deram apoio na interdição do trânsito.
O carro de Brito, onde ele foi atacado e arrastado, foi o mesmo utilizado na reconstituição. Hoje recuperado e com dificuldade de mobilidade nos dedos atingidos por facadas, inclusive com amputação parcial, e cm cicatrizes no pescoço, Brito reviveu os momentos em que, como ele mesmo define, só não morreu por força de Deus, sendo que naquele 3 de abril considera como seu renascimento.
Investigação
No ano passado, a reportagem do RP10 teve acesso a trechos do inquérito da Polícia Civil e imagens extraídas de um vídeo de uma câmera de segurança da Samar, que mostram passo a passo como se deu a dinâmica do crime, sendo que como foram externas e a distância, não houve captação de áudios.
As imagens refletem à versão dada por Damião Brito, tanto à polícia quanto uma entrevista exclusiva que ele concedeu ao RP10 quando estava internado na Santa Casa, dois dias após o crime. Confira aqui
Entrevista
Quando ainda estava internado na Santa Casa, Brito deu uma entrevista ao RP10, onde disse que foi vítima de uma emboscada ao pegar pai e filho, Jair Rossi dos Santos e Patrício Ferreira dos Santos, para receber uma dívida. Vítima e autores tinham acertos referentes ao distrato da venda de um imóvel no bairro Jussara.
Jair pediu para que ele o buscasse para irem ao banco. Eles combinaram de se encontrar na rua Baguaçu, ao lado da Unip. Brito foi o local onde pegou pai e filho. Os dois entraram no carro, o pai no banco traseiro e o filho no dianteiro.
“Assim que sai com o carro, o passageiro que estava atrás colocou uma faca no meu pescoço. Pensei que fosse uma brincadeira, mas ouvi o filho dele gritando: mata! mata!”, contou o líder.
Ele tentou se defender e segurou a faca, e acabou tendo um dedo decepado. “O rapaz que estava do meu lado também estava com uma faca. Abri a porta do carro pra pular e fiquei enroscado levando facadas na mão, foram mais de 15”, lembrou. Brito também levou a facada no pescoço.
Patrício, que estava no banco dianteiro, assumiu o volante do carro de Brito e o arrastou por vários metros, até ele escapar. Segundo a vítima, os criminosos voltaram com o carro para tentar atropelá-lo, mas ele já estava sobre a calçada, onde ficou até ser resgatado pelo Samu. Depois fugiram com o carro do líder comunitário, encontrado posteriormente na zona rural de Birigui.
Pai e filho também deram entrevista ao RP10 antes de serem presos. Eles negam a tentativa de homicídio e Jair disse que achou a faca no assoalho do carro, e a usou para defender seu filho, porque ele e Brito teriam se desentendido e entrado em luta corporal.
Eles contaram que fugiram do local com medo de serem linchados e ficaram escondidos embaixo de uma ponte após abandonarem o carro, até pedirem ajuda a um advogado. Eles alegam que o desentendimento se deu por discordância no distrato da venda de um imóvel o qual tinham comprado de Brito.
Posteriormente Jair conseguiu a liberdade provisória, e Patrício continua preso aguardando o julgamento.