Um comboio da Organização das Nações Unidas (ONU) que transportava alimentos essenciais foi atacado, no centro de Gaza. O ataque, ocorrido no dia 5 e confirmado hoje (21) pela CNN, foi perpetrado pelas forças israelenses, e tinha como objetivo impedir a entrega de suprimentos para a parte norte do território, onde a situação de fome e insegurança alimentar é extremamente crítica.
As forças israelenses miraram especificamente no comboio da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), a principal entidade de ajuda humanitária na região. Os veículos, que estavam em um ponto de detenção das Forças de Defesa de Israel (IDF), foram atacados apesar de uma rota ter sido previamente acordada entre as partes envolvidas.
“Um comboio que transportava comida, rumo ao norte da Faixa de Gaza. Aquele comboio a caminho do que chamamos de áreas intermediárias foi atingido. Um dos caminhões que transportava suprimentos foi atingido por fogo naval israelense”, disse Juliette Touma, diretora global de comunicações da UNRWA, à CNN.
“Compartilhamos com o exército israelense as coordenadas dos comboios e a rota desse comboio”, disse Touma. “Somente quando o exército israelense nos dá a aprovação, a luz verde, é que a UNRWA se move. Não nos movemos sem essa coordenação.”
Nenhum ferido foi reportado no incidente, mas a carga de um dos dez caminhões, que transportava principalmente farinha de trigo, foi totalmente destruída. Este ingrediente é vital para a produção de pão, um alimento básico para milhares de palestinos que enfrentam a ameaça da fome.
A resposta das autoridades israelenses ao incidente foi de que estariam investigando o ocorrido, sem fornecer comentários adicionais. Em consequência do ataque, a UNRWA decidiu suspender o envio de comboios de ajuda para o norte de Gaza, marcando a última entrega de alimentos em 23 de janeiro. A decisão foi tomada após 51% das missões planejadas para entregar ajuda na região terem sido negadas acesso pelas autoridades israelenses.
A situação humanitária em Gaza continua a se deteriorar, com a ONU estimando que cerca de 300 mil pessoas vivem ao norte de Wadi Gaza. Nesta área, aproximadamente 16,2% das crianças foram diagnosticadas com desnutrição aguda, um indicador acima do limiar considerado crítico pela organização.