O Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em entrevista concedida ao jornal O Globo, trouxe à tona revelações sobre os ataques ocorridos em 8 de janeiro do ano passado. A conversa, parte de uma série de entrevistas e reportagens sobre o episódio, detalhou os desdobramentos das investigações conduzidas pelo STF.
Moraes destacou a descoberta de três planos contra sua vida, que iam desde sua prisão até tentativas de homicídio. O ministro expressou surpresa e descontentamento com a inação da Polícia Militar durante os ataques, comparando a situação com sua experiência como secretário de Segurança Pública em São Paulo e ministro da Justiça.
“O que chocava era a inação da Polícia Militar. Fui secretário de Segurança Pública em São Paulo e ministro da Justiça. Afirmo sem medo de errar: não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo.”, disse o magistrado.
Ele também criticou as autoridades por permitirem que manifestantes pró-golpe militar acampassem em frente aos quartéis. Segundo Moraes, o STF recebeu mais de 1.200 denúncias contra esses indivíduos, que pediam golpe militar, tortura e perseguição política. “Foi um erro muito grande das autoridades deixar, durante o ano passado, aquelas pessoas permanecerem na frente dos quartéis. Isso é crime e agora não há mais dúvida disso. O Supremo Tribunal Federal recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição de adversários políticos.”, continuou.
As investigações revelaram que os acampados nos quartéis foram instruídos a invadir Brasília, com o objetivo de invadir o Congresso e tentar persuadir o Exército a se juntar ao golpe. Os planos detalhados contra Moraes incluíam sua prisão por forças especiais do Exército. Em outro plano o ministro seria morto no trajeto para Goiânia e, segundo relatos de alguns mais exaltados, outros planejavam seu enforcamento na Praça dos Três Poderes.
Adicionalmente, Moraes mencionou a possível participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no monitoramento de seus movimentos, visando facilitar a execução dos planos contra ele. “Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão.“
Apesar das ameaças, o ministro ressaltou que manteve a tranquilidade e que, felizmente, nenhum dos planos se concretizou. “Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem.“