Durante o período natalino, um total de 52 mil detentos foram beneficiados com a saidinha de Natal em 17 estados brasileiros. Este benefício, que faz parte das políticas de reintegração social, permitiu que presos temporariamente deixassem as penitenciárias para passar as festas com suas famílias.
Entretanto, dos 52 mil liberados, aproximadamente 2,6 mil (ou 5%) não retornaram às suas respectivas unidades prisionais. Este fato marca uma taxa significativa de não retorno, levando à consideração desses indivíduos como foragidos da justiça. Os estados com maiores percentuais de não retorno foram o Rio de Janeiro, Bahia, Pará e Sergipe, onde mais de 10% dos presos beneficiados não regressaram.
Contrastando com esses números, estados como Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Piauí e Rondônia apresentaram os menores índices de não retorno, todos abaixo de 2,5%. Estas estatísticas refletem diferenças regionais na implementação e no controle do benefício da saidinha.
A discussão sobre a continuidade das saidinhas ganhou novo ímpeto após o trágico incidente em Minas Gerais, onde um policial militar foi assassinado por um detento que havia sido liberado durante a saidinha de Natal. O preso, Welbert de Souza Fagundes, cumpria pena em regime semiaberto e já havia se envolvido em outro crime durante uma liberação anterior. Após o homicídio, Fagundes foi recapturado e penalizado com a regressão para o regime fechado.
Este evento desencadeou uma reação política significativa. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, propôs um debate sobre as medidas de ressocialização de presos, incluindo a revisão da política de saidinhas. Um projeto visando a eliminação deste benefício já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados em 2022, aguardando votação no Senado.
Defensores da saidinha argumentam que ela é crucial para a reintegração progressiva dos presos à sociedade. Em resposta aos recentes eventos, a Secretaria Nacional de Políticas Penais está desenvolvendo uma norma técnica para aprimorar a aplicação das saidinhas, com a colaboração de conselhos nacionais relevantes, visando sua conclusão até o início de fevereiro.