Em um alerta recente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama atenção para uma preocupante escassez global de medicamentos, uma crise que tem se intensificado, especialmente em países de baixa e média renda. Desde setembro de 2021, observou-se um aumento de 101% no número de insumos médicos em falta em dois ou mais países, uma situação que não apenas compromete o tratamento de diversas condições de saúde, mas também potencializa o risco de circulação de medicamentos falsificados ou de qualidade inferior.
A escassez afeta diretamente o tratamento de doenças crônicas e condições de saúde urgentes. Em 2023, um dos casos mais emblemáticos foi a falta global de semaglutida, princípio ativo do medicamento Ozempic, amplamente utilizado no tratamento do diabetes tipo 2 e em regimes de perda de peso. Essa carência tem forçado pacientes a buscar alternativas, muitas vezes em canais não oficiais, como a internet, aumentando o risco de adquirirem produtos sem garantia de qualidade ou eficácia.
A OMS destaca a importância de adquirir medicamentos somente por meio de fornecedores autorizados e regulamentados, enfatizando os perigos associados à compra de medicamentos por canais de fornecimento não autorizados ou informais. Esses produtos, além de não terem sua eficácia comprovada, podem conter impurezas, ser produzidos em condições inadequadas e até mesmo estar contaminados, representando sérios riscos à saúde.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) identificou recentemente um lote irregular do Ozempic, com unidades divergentes das características do medicamento original. Esse incidente, reportado pela Novo Nordisk Farmacêutica do Brasil Ltda, é um exemplo concreto dos riscos mencionados pela OMS.
A situação ressalta a necessidade de uma vigilância constante por parte das autoridades de saúde e de uma conscientização por parte dos consumidores sobre os riscos de adquirir medicamentos por meios não oficiais. A OMS e a Anvisa continuam a trabalhar para garantir o acesso a medicamentos seguros e eficazes, enfatizando a importância da cooperação internacional e da transparência na cadeia de suprimentos farmacêuticos para mitigar os efeitos dessa escassez global.