A Lagoa Três X, palco de muitas pescarias e mergulhos, secou. A porção de água doce, localizada na rodovia Eliezer Montenegro Magalhães, em Araçatuba (SP), foi formada há quase 50 anos, a partir de uma olaria que fazia a extração de argila e saibro do local, que é uma área particular.
A atividade de extração acabou atingindo o lençol freático e o local encheu de água, formando a lagoa, nos idos dos anos 1970. Desde então, a população utilizava o local como uma área de lazer, para pescarias, e também para se refrescar no verão.
No entanto, nos últimos dias, o que se vê é o fundo da lagoa seca, com sobras de barro, argila e uma pequena vegetação. O assunto ganhou as redes sociais e muitos moradores de Araçatuba lamentaram o desaparecimento da lagoa.
É o caso do comerciante Nei Giron, que conta ter nadado e pescado muito no local, na juventude. “Quem nunca pegou umas tilapinhas lá na Três X? Os pescadores iam lá, a molecada também. Além disso, fazia parte do visual para quem acessa o Rio Tietê”, afirmou, lamentando o sumiço da porção de água.
Origem do Nome
A origem do nome “Três X” ou “XXX” deve-se à olaria que assim era chamada e ali funcionava. Os tijolos produzidos traziam a marca “XXX” e, quando a produção no local cessou, ficando apenas a lagoa, ela foi batizada com o mesmo nome.
Lagoa artificial
O engenheiro florestal Lucas Savério Proto explica a Três X não é uma lagoa natural e foi formada a partir das atividades de uma olaria no local. Como a extração de argila na área atingiu o lençol freático, a água começou a minar e formou a lagoa.
“A nossa região tinha lagoa natural há 300 milhões de anos. Hoje, todas as de Araçatuba e da região, ou são represamento de córrego ou são antigas olarias que atingiram o lençol freático e encheu a área de água”, explicou ele, que é secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Araçatuba.
Ele destaca também que o local não era o habitat natural dos peixes. Estes eram soltos na lagoa para que os amantes da pescaria pudessem praticar o seu hobby.
O desaparecimento da lagoa, segundo Proto, deve-se à falta de chuva. “Desde 2019, nós sofremos grande impacto na água disponível no solo. Quando tem floresta, a água fica protegida. Quando não tem, a água evapora”, explicou.
“Precisamos de chuva”, diz engenheiro florestal
O engenheiro florestal destaca que o último verão registrou muito pouca chuva, que nem chegou a molhar a terra. Conforme ele, a disponibilidade da água do solo diminuiu e a recarga da água não ocorreu e, com a incidência solar muito elevada na época do verão, essa água evaporou e a lagoa desapareceu.
Segundo Proto, isso aconteceu com outras lagoas da cidade, mas há uma possibilidade de a Três X se refazer. Isso, no entanto, vai depender do regime hídrico. “Precisamos de chuva”, resumiu.