Em uma decisão emblemática, o Parlamento da Coreia do Sul aprovou uma lei que proíbe o consumo de carne de cachorro no país, com a medida entrando em vigor a partir de 2027. A nova legislação, que contou com o apoio tanto do governo quanto da oposição, estabelece penalidades severas para quem descumprir a regra, incluindo até dois anos de prisão ou multa equivalente a R$ 110 mil.
A lei não apenas bane o consumo, mas também proíbe a criação de cães para abate, bem como a distribuição e venda de sua carne. Em um esforço para mitigar o impacto econômico sobre os trabalhadores do setor, o governo sul-coreano anunciou a concessão de subsídios destinados a auxiliar na transição para novas ocupações.
Historicamente, o consumo de carne de cachorro esteve presente na cultura sul-coreana, particularmente entre as gerações mais velhas. No entanto, nas últimas décadas, essa prática vem diminuindo significativamente. Uma pesquisa recente do grupo Animal Welfare Awareness revelou que mais de 90% dos sul-coreanos não consumiram carne de cachorro no último ano, demonstrando uma mudança de atitude em relação ao consumo deste tipo de carne.
Atualmente, a Coreia do Sul abriga aproximadamente 1.150 fazendas de criação de cães, além de 34 açougues, 219 distribuidores e cerca de 1.600 restaurantes que comercializam produtos derivados de carne canina. A proibição impactará diretamente esses estabelecimentos, afetando cerca de 3.500 fazendas e 3 mil restaurantes.
O debate sobre a proibição do consumo de carne de cachorro ganhou força em 2021, sob a presidência de Moon Jae-in, e continuou a crescer durante o mandato do atual presidente, Yoon Suk-yeol. A primeira-dama, Kim Keon Hee, também se manifestou contra a prática. Embora tenha havido resistência de alguns setores, como evidenciado por protestos de criadores de cães, a legislação acabou sendo aprovada.