Sob o risco de enfrentar uma epidemia de dengue em 2024, o município de Araçatuba intensificou as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A ameaça de uma explosão de casos da doença é um alerta do Ministério da Saúde e vale para todas as regiões do País.
O aviso que atenta para o perigo de uma nova epidemia da doença deve-se ao grande número de casos de dengue registrados em todo o Brasil em 2023. Foram mais de 1,6 milhão, o que representa um aumento de 16% ante os 1,3 milhão notificados em 2022. O número de mortes também subiu, de 999 para 1.053.
Em Araçatuba, houve menos casos de um ano para o outro: foram 997 em 2023 ante os 2.812 no ano anterior. De outro lado, o número de mortes pela doença aumentou de 4 para 3, segundo boletim epidemiológico emitido pela Secretaria Municipal de Saúde.
Apesar de menos moradores terem contraído dengue em Araçatuba no ano passado, o município não está livre de também sofrer uma epidemia da infecção em 2024.
Primeiro, porque o vírus da dengue, composto pelos sorotipos DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, apresenta ciclos no Brasil, com explosões epidêmicas a cada quatro ou cinco anos.
Segundo, porque o País passa por um aumento de casos da dengue tipo 3, para o qual a população tem pouca proteção. Historicamente, os sorotipos 1 e 2 são os mais comuns no Brasil.
A terceira razão é que Araçatuba é um dos municípios mais quentes do País e o ciclo do mosquito acaba sendo mais curto, de apenas cinco dias, ou seja, o Aedes chega à idade adulta mais rapidamente.
Em situações normais, a larva leva de oito a dez dias para chegar à fase adulta, enquanto que no inverno pode levar até 20 dias por causa da temperatura da água.
AÇÕES DE COMBATE AO MOSQUITO
Com o risco iminente da eclosão de uma epidemia em 2024, a Secretaria Municipal de Saúde intensificou as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti. O trabalho é feito de segunda a sexta-feira, em todos os bairros do município, com atividades de casa a casa.
Os agentes de saúde visitam as residências de seu itinerário e, em caso positivo ou de suspeita para a dengue, uma equipe faz o controle de criadouros das proximidades, com eliminação de focos e orientação aos moradores. Na sequência, uma outra equipe, desta vez de nebulização, faz a aplicação de inseticida nos imóveis do entorno.
O gerente de campo da UVZ (Unidade de Vigilãncia em Zoonoses), Guilherme Santos, lembra da importância de a população receber o agente de saúde em casa. “É uma visita técnica, de orientação. São eles que identificam criadouros que, muitas vezes, a gente nem imagina que seriam”, disse.
Bebedouros de animais são criadouros mais comuns
Os bebedouros de animais são, hoje, os principais criadouros do mosquito transmissor da dengue, segundo o gerente de campo. Ou seja, são nestes recipientes que são encontradas, frequentemente, larvas do Aedes. Isso porque, os tutores dos pets, acabam apenas trocando a água e não fazem a lavagem do recipiente com água e sabão.
“O mosquito deposita os ovos nas laterais dos bebedouros. Eles são muito pequenos a olho nu, por isso, esses recipientes precisam ser lavados com água e sabão, todos os dias”, ensina Santos. Ao trocar apenas a água, permite-se que o ciclo do mosquito ocorra, ao contrário da limpeza, que elimina as larvas.
Bandeja da geladeira também requer atenção
As bandejas de geladeiras, que ficam na parte de trás do eletrodoméstico (este reservatório é comum em aparelhos mais antigos), também são um local propício para o desenvolvimento do Aedes aegypti. A água do sistema de refrigeração que acumula no local é ideal para o depósito de larvas do mosquito.
A dica do gerente de campo da Unidade de Vigilância em Zoonoses é para que se coloque uma colher de detergente nas bandejas de geladeiras. “O detergente retira o oxigênio da água e não deixa o ciclo do mosquito ocorrer”, ensina.
Município iniciou Avaliação de Densidade Larvrária
O município de Araçatuba deu início, já nos primeiros dias de janeiro, à ADL (Avaliação de Densidade Larvrária), que calcula a taxa de infestação do mosquito, detectando as áreas da cidade com maior número de recipientes com larvas.
Este trabalho irá ajudar o município a nortear as futuras ações contra a doença, para evitar a chance de haver uma epidemia de dengue neste ano.
Procure ajuda
A dengue é uma doença grave e pode levar à morte. A melhor forma de prevenção é eliminar os focos do mosquito transmissor e possíveis criadouros. Em caso de sintomas, como dor de cabeça, dor nas articulações e febre alta, a recomendação é procurar atendimento médico o mais rápido possível.
Os principais sintomas da dengue são:
- Febre alta, maior que 38ºC;
- Dor no corpo e articulações;
- Dor atrás dos olhos;
- Mal-estar;
- Falta de apetite;
- Dor de cabeça;
- Manchas vermelhas no corpo.
Confira os números da dengue em Araçatuba nos últimos cinco anos
- 2023 – 997 casos 4 óbitos
- 2022 – 2.812 casos 3 óbitos
- 2021 – 1.258 casos 1 óbito
- 2020 – 2.380 casos 0 óbito
- 2019 – 7.879 casos 1 óbito