Araçatuba é o município do estado de São Paulo que registrou o maior número de acidentes com animais peçonhentos em 2023, com 7.340 casos, que representam 10,36% das ocorrências notificadas em todo o território paulista, que totalizaram 70.800 no ano passado.
Somente com escorpiões, Araçatuba registrou, em 2023, 1.525 acidentes, sem óbitos. O número é 6% maior do que o registrado em 2022, com 1.436 casos, também sem mortes.
Além de Araçatuba, os municípios com mais registros de acidentes com animais peçonhentos foram São José do Rio Preto, com 6.753 casos, e Ribeirão Preto ((4.174 casos).
Para facilitar a localização e identificação dos 220 pontos de atendimento soroterápico para vítimas de escorpião, aranha, serpente e largatas, a Secretaria de Estado da Saúde lançou uma ferramenta online que pode ser acessada pelo endereço: https://cievs.saude.sp.gov.br/soro/.
O Mapa Interativo, desenvolvido pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), fornece as informações necessárias para buscar ajuda em emergências, sobretudo, no período quente e chuvoso, época em que este tipo de acidente mais acontece.
Em Araçatuba, por exemplo, o mapa indica que, em casos de acidentes com escorpião, jararaca, cascabel, coral, aranha marrom, aranha armadeira e lonômia (taturana), o local onde há atendimento soroterápico é a Santa Casa de Misericórdia de Araçatuba, que possui os soros botrópico, crotálico, elapídico, aracnídico, escorpiônico e lonômico.
Desmatamento e alterações climáticas
“Fatores como o aumento da urbanização, desmatamento, turismo ecológico e alterações climáticas podem estar relacionados ao crescimento de casos. O aumento da oferta de detritos alimentares proporciona um ambiente ideal para a proliferação de roedores e baratas, que por sua vez possibilita aumento do número de serpentes, escorpiões e aranhas em convívio mais próximo com o ser humano”, explica a médica veterinária do CVE, Gisele Freitas.
Crianças de até 10 anos precisam receber o soro antiescorpiônico em até 1h30 após terem sido picadas por escorpião. “Se uma criança saudável começar a chorar intensamente e aparentar muita dor, é necessário pensar em acidente com escorpião e procurar atendimento médico imediatamente”, alerta a especialista.
Dicas para prevenir acidentes
De acordo com a Divisão de Zoonoses do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), até 16 de janeiro deste ano, foram registrados 472 casos, sendo 317 envolvendo escorpiões e os demais por animais como aranha-marrom, aranha-armadeira e serpentes.
“Neste período do ano, há condições climáticas propícias para a reprodução dos animais, uma vez que altas temperaturas e precipitações favorecem condições ambientais e maior disponibilidade de alimentos”, afirma a médica veterinária.
Confira as orientações para prevenir os acidentes
. Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
. Examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;
. Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários;
. Não acumular entulhos e materiais de construção;
. Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
. Vedar ralos, frestas e buracos em muros, paredes, assoalhos, forros e rodapés;
. Evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada;
. No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade;
. Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estejam em áreas de risco de acidente, contatar a autoridade local para a remoção.
O que fazer em caso de acidente?
. Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento adequado em tempo;
. Lavar o local da picada com água e sabão;
. Não fazer torniquete ou garrote;
. Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida;
. Não aplicar folhas, pó de café ou terra (pode provocar infecções);
. Não ingerir bebida alcoólica, querosene ou fumo, como é costume em algumas regiões do país;
. Se não oferecer risco, acondicionar o animal em frasco tampado ou fotografá-lo para facilitar a identificação e tratamento adequado.