Após uma trajetória de 21 anos no PT (Partido dos Trabalhadores) de Araçatuba, a Índia Luana Leite requereu a sua desfiliação da sigla, nessa segunda-feira (15), em “caráter irrevogável e irretratável”. O pedido foi formalizado por meio de um ofício endereçado ao presidente do Diretório Municipal do partido, o advogado Fernando Zar.
À reportagem do RP10, Índia Luana disse que decidiu deixar o PT após refletir muito. “Não foi algo impulsivo, foi muito pensado. Atingi a maioridade dentro do partido e deixo uma semente, que é a Najara, com quem tive uma conversa bastante demorada antes de tomar esta decisão”, afirmou, referindo-se à filha Najara Leite, que foi candidata a vice-prefeita de Araçatuba nas eleições de 2020 pelo Partido dos Trabalhadores, onde continua filiada.
Índia Luana, que é de origem Guarani e tem formação em Enfermagem e Serviço Social, não quis mencionar se estaria insatisfeita com o PT local. Apenas limitou-se a dizer que não gostaria de explanar problemas, porque são internos. “Quanto ao partido, só tenho a agradecer e saio tranquila por ter ajudado a eleger o presidente Lula, o que não foi uma tarefa fácil, mas saímos vitoriosos”, disse.
A enfermeira e assistente social disse que deverá se filiar a um novo partido, também progressista, mas afirmou que ainda está avaliando as propostas que recebeu, para escolher a sigla que mais condiz com a sua caminhada, bandeiras e luta. As principais causas defendidas por ela são a indígena, o feminismo, a cultura e a saúde, além do social.
SIGLAS PROGRESSISTAS
Dentre as siglas para onde poderá migrar estão o PC do B (Partido Comunista do Brasil), PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), PV (Partido Verde) e PDT (Partido Democrático Trabalhista). Em junho do ano passado, Índia Luana recebeu o convite formal do PSOL, iniciativa que chegou a ser noticiada pela imprensa, na ocasião.
Seu destino, porém, só deverá ser decidido no mês que vem, já que ela pretende ser, novamente, candidata a vereadora, nas eleições municipais deste ano, que serão realizadas em seis de outubro.
TRAJETÓRIA
Índia Luana nasceu em Mongaguá, litoral paulista, e mudou-se para Araçatuba após se casar, na década de 1980. Filiou-se ao PT em 2003, há 21 anos, mas foi militante do partido durante mais de quatro décadas, desde 1983.
É aposentada da Prefeitura de Araçatuba, onde atuou em serviços de saúde, como o pronto-socorro municipal e unidades básicas de saúde. Teve passagens, ainda, na Santa Casa e no extinto Hospital Santana.
Atuou e atua em grupos indígenas de todo o Brasil, ajudando na construção e reafirmação do indígena no contexto urbano, e também em conselhos municipais, como os da Mulher, Igualdade Racial e Cultura).
É coordenadora da Associação Estação Taveira, entidade que reúne artesãos de Araçatuba que produzem roupas em crochê; bonecas e bolsas em tecido; cachaças artesanais, dentre outros itens.
Índia Luana também é compositora, cantora, atriz, artesã e escritora, tendo integrado a obra “Álbum Guerreiras da Ancestralidade do Mulherio das Letras Indígenas”, que conquistou o Prêmio Jabuti 2023, na categoria “Fomento à Leitura”. Luana ocupa três páginas da coletânea.
Além disso, ela também recebeu a premiação de mestra dos Saberes e Fazeres da Cultura Tradicional, da Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba, também em 2023.