Por: Guto Ferrarezzi
Os japoneses chegaram ao Brasil para trabalhar e procurar melhores condições de vida. O iniciou da história dos orientais com os brasileiros foi com a chegada do navio Kasato Maru, em Santos, no dia 18 de junho de 1908.
Segundo a reportagem de 10 de janeiro de 2009 do site da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), a primeira embarcação partiu do porto de Kobe com 781 pessoas viajando no navio intitulado Kasato Maru. Em acordo firmado na época entre os governos do estado de São Paulo e do Japão, os imigrantes chegaram mais precisamente em terras paulistas.
O Brasil possui a segunda maior comunidade de japoneses fora do Japão, de acordo com o informado pelo embaixador Alfredo Carmago, também em reportagem para a Alesp, publicada em 18 de julho de 2023.
Em Araçatuba (SP), a Associação Cultral Nipo Brasileira completou 95 anos de existência. Ela foi fundada no ano de 1928 e atualmente possui aproximadamente 3 mil integrantes, contando os associados e seus familiares.
Hideto Honda, o atual presidente da Associação, explica que o os japoneses, primeiramente, devem agradecer ao Brasil, pois o país recebeu bem seus antepassados. Eles desbravaram o país, auxiliando na potencialização da agricultura da época, visto que antigamente faltava mão-de-obra no setor.
Os orientais, para Hideto, ajudaram na moldagem da cultura brasileira, como por exemplo a oração antes do jantar e após o jantar, agradecer pela refeição, hábitos que ele carrega, desde pequeno.
De acordo com Hideto, no Brasil existem povos de cultura italiana, espanhola, portuguesa, africana, porém, o povo japonês é um dos poucos que consegue deixar sua cultura ativa, durante todo ano. Em Araçatuba, as influências japonesas são: academias de artes marciais, a dança, a língua japonesa com a escola de língua oferecida pela instituição, a gastronomia e os esportes.
O gateball, além das artes marciais e do atletismo, é um dos esportes presentes em Araçatuba, e é praticado na Acea (Associação Cultural e Esportiva de Araçatuba). A modalidade pode ser praticada em quadras de chão batido, com dois times que utilizam tacos, onde uma equipe joga cinco bolas com números impares e a outra com números pares.
Os objetivos de uma partida de gateball consiste em fazer com que a sua bola atravesse os gates (pequenas traves de ferro) e, por último, bater no pino central. Todos os esportes do local são oferecidos gratuitamente para toda população.
Bon-odori
A Associação promove vários eventos na cidade, sendo o de maior destaque o Bon-odori que, em Araçatuba, já passou da edição 55. Antigamente, a festa era promovida no Acea, mas, devido ao alto envolvimento do público araçatubense, passou para o Recinto de Exposições do município.
Em 2023, o evento foi realizado no dia 19 de agosto e como em todos os anos, contou com a participação da banda local especializada nas músicas de bom-odori.O custo da organização do evento foi a principal dificuldade relatada pelo presidente da Associação para sua realização, pois deve ter o alvará de bombeiros, da Prefeitura, a logística da decoração e a alimentação.
Na comunidade japonesa, a festa significa uma homenagem aos antepassados e ocorre sempre no mês de agosto, quando é celebrado o Dia de Finados. “É uma forma de comemorar! ”, afirma o presidente da Nipo.
Além disso, durante ao ano ocorrem também o churrasco e o yakisoba beneficente, o Undokai, a festa junina anual da escola japonesa. Toda renda é direcionada para entidades carentes da cidade de Araçatuba
A Nipo é dividida em departamentos e o presidente informou que todos eles possuem o próprio caixa e se organizam conforme o decorrer de cada ano. “Cada um têm sua própria receita para viajar, organizar seus eventos e demais compromissos!”, conta.
Em Araçatuba, a associação também promove a doação de fraudas geriátricas. A produção é feita em uma máquina própria e as doações são feitas através de um cadastro no Departamento de Assistência Social da Nipo.
A nova geração
Existe a preocupação com o legado da cultura japonesa no Brasil e um dos motivos é a diminuição da população nipônica e a falta de interesse das novas gerações. “Hoje em dia existem brasileiros com o maior interesse do que a nossa nova geração, mas nós estamos lutando para gerar interesse na juventude”, complementa Hideto.
Os pais ajudam na associação, mas ele falou que muitos filhos dos associados desejam seguir outros caminhos. Com isso, ele e os demais membros lutam contra a maré, para resgatar a essência dos jovens membros.
Uma das medidas foi a criação de grupos de jovens em determinados seguimentos da associação que, para ele, é bem vista pelo público da nova geração. “Está melhorando”, aponta. Os grupos organizam eventos relacionados à cultura japonesa.
A organização do evento foi de extrema felicidade para Hideto, visto que significa uma renovação da cultura japonesa local, enquanto a mostram para a comunidade, continuam com o legado dos antepassados e para tentam melhorar a imagem da Associação. “Eles devem ser o exemplo”, diz.