Um grupo de pessoas de Araçatuba, representando mais de 800 vítimas de várias partes do Brasil, que acumulam prejuízo superior a R$ 50 milhões após promessa de investimento com rendimentos de até 50%, por empresas ligadas ao então MR7 Bank, com sede em Araçatuba, realizaram um manifesto na manhã desta sexta-feira (15) em frente à delegacia da Polícia Federal em Araçatuba.
Um homem que perdeu R$ 100 mil com o que ele considera um golpe, estava na organização do manifesto. Ele relatou que vários inquéritos foram instaurados na Polícia Civil, inclusive com vítimas de várias cidades do estado de São Paulo e outros estados. No entanto, o caso foi remetido para a Polícia Federal e já no Ministério Público Federal.
O objetivo do grupo era obter mais informações sobre o andamento do caso, no entanto, a informação era de que o delegado que poderia responder sobre o caso está de férias. De acordo com um dos organizadores do movimento, eles formaram um grupo de whatsapp que já tem 200 integrantes.
A reportagem apurou que uma das vítimas, de outro estado, que será identificada aqui como Renata, perdeu R$ 3 milhões. Um empresário de Araçatuba perdeu mais de R$ 500 mil. A própria fonte que falou com a reportagem teve prejuízo de R$ 100 mil.
Histórico do caso
O histórico consta de um dossiê que está com a comissão de vítimas.
2020 – O jovem araçatubense Renan Marcelino Passos Silva, de Araçatuba, fundou a MR Traders, com um sócio. Esta empresa atuava no setor educacional financeiro, oferecendo cursos de Day Trade em Forex e opções na Bolsa de Valores brasileira, com a promessa de lucros atraentes. Renan emergiu como a principal liderança e mentor das estratégias e operações da empresa, consolidando-se como a influência predominante conforme as operações avançavam.
2020 – Ainda em 2020, com mais notoriedade, a empresa estabeleceu sua sede no mais moderno prédio comercial de Araçatuba, o New York Tower.
2020 – Após promoverem publicamente a aparente simplicidade com que obtinham lucros no mercado financeiro, os gestores da empresa iniciaram a captação de investimentos, oferecendo inicialmente promessas de retornos mensais de até 50%. Conforme a base de investidores expandia, as taxas de rendimento prometidas foram ajustadas para 30%, seguidas por subsequentes reduções para 20% e, por fim, 10%.
Os investidores tinham a possibilidade de monitorar a performance de seus aportes por meio de plataformas digitais e aplicativos desenvolvidos pela empresa. Mensalmente, era oferecida a opção de resgatar os ganhos acumulados ou reinvesti-los para a geração de novos rendimentos. Durante este período inicial, os processos operacionais e transacionais ocorriam sem anormalidades perceptíveis.
2020 – No decorrer de 2021, a escalada na aquisição de novos clientes atingiu patamares significativos. Nessa fase de expansão, as formalizações contratuais passaram a ser registradas sob a égide da OPEN SEA SECURITIZADORA LTDA, inscrita sob o CNPJ 40.630.272/0001-90. Atualmente, esta entidade responde pelo maior volume de disputas judiciais relacionadas às operações em questão
2021 – Em 2021, impulsionados pelo êxito substancial na captação de recursos e pela demonstração frequente de operações lucrativas no mercado financeiro, a empresa introduziu programas educacionais denominados “TIRO CERTO” e “VIRADA 21”. Relatos de ex-funcionários indicam que este curso gerou uma receita superior a R$ 6 milhões. No entanto, constatou-se que o curso foi concluído prematuramente, sem atender integralmente às expectativas e compromissos estabelecidos com os clientes.
2021 – Paralelamente às atividades de destaque no mercado financeiro, o Sr. Renan promovia uma imagem pública associada ao luxo, o que contribuía para a atração de novos clientes. O estilo de vida divulgado incluía a realização de festas com bandas de pagode reconhecidas, aquisições de veículos de alto padrão em concessionárias renomadas, além de viagens, vestuário e acessórios oriundos de grifes prestigiadas.
2021 – Em 07 de julho de 2021 (Famoso dizer deles “07 do 07”), ocorreu o lançamento do MR7 Bank. A administração optou por expandir sua presença física no mesmo edifício onde já operava, locando metade de um andar para estabelecer a sede da instituição bancária. O projeto foi concebido com um design luxuoso e uma apresentação sofisticada, elementos que contribuíram significativamente para a atração e captação de novos clientes. Também estava disponível para o clientes um aplicativos que permitia contar online os rendimentos.
2021 – No ano de 2021, como parte da estratégia de marketing para ampliar a visibilidade do banco, iniciou-se um investimento significativo em patrocínios de eventos de grande porte, e de equipes esportivas.
2021 – Ao longo de 2021, o plano delineado previa a transferência da clientela da Open Sea para o recém-estabelecido MR7 Bank, com uma proposta de ajuste na expectativa de rentabilidade mensal, de 20% ou 10% para uma faixa entre 2% a 3%. No entanto, desafios surgiram logo no primeiro mês de operação, pois as rentabilidades prometidas não foram pagas, levantando preocupações quanto à confiabilidade da nova instituição financeira.
2021 – Nesse período, um número considerável de clientes procurou o banco com o intuito de resgatar seus investimentos. Todavia, encontraram barreiras que impediam a recuperação dos fundos aplicados. Esta situação escalou para uma série de promessas de reembolso não cumpridas e tentativas frustradas de negociação de parcelamentos.
2021 – Desse dia em diante o que se viu foi apenas falsas promessas de devolução do dinheiro, tentativa de parcelamentos que nunca se cumpriu, e grande maioria dos clientes, fizeram boletim de ocorrência e entraram com ação na justiça contra a MR7 e o seu principal sócio.
2021 – No decorrer de 2021, o MR7 Bank encerrou suas atividades no local previamente estabelecido, culminando na demissão de cerca de 50 colaboradores, os quais enfrentaram atrasos de pagamentos salariais de aproximadamente três meses.
2021 – Adicionalmente, a instalação no edifício, cuja locação foi posteriormente descontinuada, acumulou pendências no pagamento do aluguel. A questão do débito locatício remanescente evoluiu para uma disputa judicial que busca a resolução do passivo financeiro.
2021 – Em 2021, foi constatado que até os sócios-diretores que colaboravam com Renan foram vítimas de práticas enganosas, pois todos os ativos estavam registrados exclusivamente em nome de Renan, que se evadiu, deixando poucos vestígios de sua localização.
2021 – Posteriormente, revelou-se que ele continuou suas atividades na cidade de Ribeirão Preto. Em um depoimento oficial à autoridade policial, um ex-diretor reportou que as obrigações financeiras do banco eram frequentemente quitadas utilizando-se de seu cartão de crédito pessoal, resultando em um endividamento que ultrapassa a cifra de R$ 500 mil.
2021 – Outros diretores viram-se obrigados a abandonar a cidade de Araçatuba devido a ameaças constantes, uma consequência direta dos tumultos financeiros e operacionais enfrentados pelo banco.
2022 – Durante o ano de 2022, Renan, em meio a promessas de liquidar as pendências financeiras, buscou estabelecer parcerias com diversas afiançadoras. No entanto, todos os acordos prospectados não se concretizaram, e nenhuma das promessas de pagamento foi efetivamente honrada.
2023 – Apesar das inúmeras controvérsias e disputas judiciais envolvendo Renan e o MR7 Bank, o esquema de captação de recursos financeiros teria ressurgido com nova identidade. Fontes afirmam que o mesmo procedimento de captação anteriormente utilizado pelo MR7 Bank está sendo replicado, desta vez, com outro nome.
Segundo um dossiê elaborado por uma comissão de vítimas, com base em provas, o jovem araçatubense Renan Amorin estaria morando em Nova York, nos Estados Unidos. O dossiê tem fotos dele no local e também em uma praia em Nova Jersey.