O projeto inédito da Secretaria da Segurança Pública em parceria com Justiça de São Paulo já permite monitorar com tornozeleiras eletrônicas 35 condenados por violência doméstica que cumprem penas alternativas à prisão. O número representa 41% do total de réus monitorados pela iniciativa, que mantém outros 51 presos sob vigilância por crimes como tráfico de drogas, furto, receptação, roubo, lesão corporal, estelionato e, até, importunação sexual.
Depois que passam por audiência de custódia e recebem, por meio de determinação judicial, a tornozeileira eletrônica, os condenados que vão cumprir penas fora da prisão começam a ser monitorados pela Secretaria da Segurança Pública, que consegue saber a localização exata de cada um deles e identificar uma possível aproximação com a vítima que possui medida protetiva, ou, ainda, o descumprimento de alguma outra sentença, como, por exemplo, estar fora de casa em horário não permitido.
Desde o início de setembro, quando monitoramento passou a ser realizado, três mulheres vítimas de violência doméstica já foram salvas pela polícia depois que a tornozeleira apontou a aproximação do agressor, contrariando a medida judicial. Todos eles foram presos em flagrante e, por isso, não estão mais com as tornozeleiras. “Esse projeto vai ajudar a polícia a salvar muitas vítimas e a evitar muitos outros crimes.
É essa a nossa meta e é para isso que trabalhamos”, destacou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. “Saberemos onde cada um dos réus tornozelados está e isso, com certeza, fará com que eles pensem duas vezes antes de querer cometer novamente outros crimes. Não ficarão impunes”, completou.
O monitoramento traz mais efetividade em garantir a distância entre o agressor e a vítima. Isso porque, até então, nenhuma outra ferramenta era usada para mensurar o cumprimento da medida protetiva.
Reincidência criminal Além disso, o monitoramento também ajuda a coibir a reincidência criminal. Um estudo elaborado pelo Centro de Altos Estudos da Polícia Militar analisou os dias 8 de abril e 5 de agosto de 2021 e constatou que, na primeira data, 49,7% das pessoas que cometeram crimes de roubo, furto, homicídio, receptação ou posse de arma de fogo ilegal cumpriam pena em liberdade provisória, ou alguma medida cautelar ou, ainda, respondia em regime aberto.
Já no segundo dia, o número era de 49,6%. Com a tornozeleira eletrônica, porém, é possível saber a localização do réu e ver se na data e no horário do crime ele esteve no local, o que facilita a investigação sobre o ocorrência.