O tenente-coronel Mauro Cid, em sua delação premiada, revelou informações explosivas envolvendo figuras proeminentes do cenário político nacional. Segundo Cid, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estariam entre um grupo que pressionou o então presidente Jair Bolsonaro a desconsiderar os resultados das eleições do ano passado, sugerindo um golpe de Estado.
Os detalhes deste depoimento, ainda sob sigilo, foram trazidos à luz nesta sexta-feira pelo portal UOL, desencadeando uma série de investigações para corroborar as alegações de Cid. A reportagem destaca que um círculo íntimo de conselheiros radicais, incluindo Michelle e Eduardo Bolsonaro, acreditava que havia suporte suficiente da população e de CACs (categorias de colecionadores, atiradores desportivos ou caçadores com autorização de porte de arma) para endossar tal ação.
O cenário político brasileiro foi marcado por tensões pós-eleitorais, evidenciadas por protestos e acampamentos organizados por empresários apoiadores de Bolsonaro. Esses acampamentos, que contavam com a presença de CACs e radicais, foram montados em locais estratégicos, incluindo o Quartel-General do Exército em Brasília. Estes foram desmantelados somente após os ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
Mauro Cid, que foi um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro durante seu mandato, relata que o ex-presidente hesitava em dispersar os manifestantes golpistas, na esperança de descobrir alguma evidência de fraude nas urnas que pudesse invalidar os resultados das eleições. Esta espera, entretanto, foi em vão, pois não foram encontradas provas de tais fraudes.
Além de suas revelações, Cid enfrentou seu próprio embate legal. Preso em maio pela Polícia Federal em uma investigação sobre fraudes nos cartões de vacinação de Bolsonaro, ele conseguiu sua liberdade em setembro, após um acordo de colaboração premiada. Embora solto, Cid está sujeito a várias restrições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de reassumir sua função no Exército ou de comunicar-se com outros investigados.